Novo Banco deve ter prejuízos que podem ser avultados. Secretário de Estado das Finanças admite empréstimo. CGD melhor do que previsto. Santa Casa no Montepio pode precisar do visto de Bruxelas.
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O acordo de venda do antigo BES à Lone Star prevê que (reunidas certas condições sobre rácios de capital) o Fundo de Resolução seja obrigado a injetar capital na instituição - dinheiro esse que será emprestado pelo Estado.
O contrato determina injeções anuais máximas de 850 milhões de euros.
O Novo Banco ainda não apresentou os resultados de 2017, mas em entrevista à TSF e Dinheiro Vivo o secretário de Estado adjunto e das Finanças admite que o Estado possa ser chamado, já neste ano, a acudir à instituição, que só até setembro já tinha um prejuízo de 420 milhões de euros. Ricardo Mourinho Félix já conta com a possibilidade de ver o Novo Banco fechar o ano no vermelho: "tudo indica que terá prejuízos", afirma em entrevista à TSF e Dinheiro Vivo.
Comissões da CGD "mais baixas"
Nesta entrevista Ricardo Mourinho Félix defende o aumento de comissões na Caixa. A medida tem sido alvo de críticas, mas o governante lembra que mesmo com os aumentos, a Caixa cobra comissões mais baixas que os outros bancos.
Mourinho Félix rejeita a necessidade de cortes adicionais de pessoal e balcões na Caixa, e afirma que a reestruturação na Caixa até está a correr melhor do que o previsto.
Santa Casa no Montepio pode ter de passar por Bruxelas
Questionado sobre a entrada da Santa Casa no capital do Montepio, o governante admite a possibilidade de Bruxelas considerar que a operação é uma ajuda de Estado. "É uma questão que tem de ser avaliada do ponto de vista jurídico. O entendimento que existe é que não é claro que seja uma ajuda de Estado", argumenta, explicando que "do ponto de vista conceptual, sendo um investimento feito com base numa avaliação rigorosa da Caixa Económica e tendo como expetativa um retorno compatível com as condições de mercado, não entendo que deva ser". Mas admite que essa é "uma discussão que tem de ser feita uma vez que haja esse investimento", lembrando que é preciso "ter em conta o plano de negócio e perceber se é compatível com as condições de investimento que um agente privado faria, tal como aconteceu com a Caixa Geral de Depósitos".
As ajudas de Estado são altamente restringidas pela Comissão Europeia, que, quando as permite, exige em troca planos de reestruturação pesados, normalmente com cortes de pessoal.
Malparado cairá para metade dentro de quatro anos
Quanto ao sistema financeiro como um todo, o secretário de Estado Adjunto e das Finanças acredita que o crédito malparado na banca vai cair para metade dos atuais 40 mil milhões de euros no prazo de 3 a 4 anos, e sublinha que o problema, sendo de grande dimensão, já foi mais grave: "o valor mais alto já foi de 50 mil milhões de euros. No final de 2017 era de 40 mil milhões e continuará a reduzir-se. Estou convencido que nos próximos três ou quatro anos será possível trazer esse valor para metade, à volta de 20 mil milhões de euros".
É um valor, admite, "ainda assim acima da média europeia", mas "muito mais próximo do de muitos outros países".
Leia aqui a entrevista integral ao secretário de Estado Adjunto e das Finanças.