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Novo Banco recompra dívida no valor de 4.743 milhões, conseguindo poupança acima de 500 milhões em juros. Operação era necessária para processo de venda, que deverá estar concluído até 20 de outubro.
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O Novo Banco conseguiu recomprar 4.743 milhões de euros de dívida, estimando que a operação vai permitir poupar acima de 500 milhões em juros, que serão injetados no capital, que é atualmente de 4,9 mil milhões de euros.
Este era uma condição acordada para a venda da instituição: o acordo entre o Lone Star e o Fundo de Resolução determinava que a operação teria de permitir uma poupança de 500 milhões, que serviriam para reforçar o capital no mesmo valor.
Em comunicado enviado à CMVM, o Novo Banco explica que "o sucesso obtido ficou a dever-se ao facto de a oferta ter permitido a compra e reembolso de obrigações representativas de 73% do valor contabilístico".
Nos últimos dias, pelo que conta o Negócios, houve vários grandes investidores internacionais - incluindo a Pimco e a Pacific Investment - a aproximarem-se da proposta do Novo Banco, muito por via do veículo criado pela Morgan Stanley, que permitiu transformar depósitos a prazo (propostos em troca da dívida) em liquidez: com os depósitos, os investidores não podiam levantar o dinheiro. Este veículo é um fundo cujo ativo é o conjunto desses depósitos. O veículo será alvo de emissão de unidades de participação, essas sim transacionáveis.
O jornal acrescenta ainda que fonte do mercado revelou que entre os investidores existe a convicção de que a aceitação desta proposta, em conjunto com o veículo, é preferível à recusa, que implica a assunção do risco de insucesso da venda, o que acarretaria a liquidação, e consequentes perdas maiores.
Finalizada a operação de recompra de dívida, a venda do Novo Banco vai agora prosseguir, devendo estar concluída no dia 20 de outubro.
Até lá, o Banco Central Europeu e a Direção-Geral da Concorrência Europeia têm de autorizar a operação. As duas entidades já prometeram comunicar decisões "em breve", embora sem especificar uma data.
Em Portugal a venda já tem a luz verde da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões. Esta autorização era necessária porque a instituição detém a seguradora GNB Seguros Vida, que está em processo de venda.
Neste período, a equipa de António Ramalho vai pagar aos obrigacionistas que venderam dívida, e nos 10 dias úteis seguintes o Lone Star vai injetar 750 milhões de euros na instituição, que tem atualmente um capital social de 4,9 mil milhões de euros.
Os novos órgãos sociais vão depois ser nomeados e já contarão com elementos do Lone Star. Pelo que indica a imprensa especializada, a gestão atual vai continuar.
O Novo Banco foi criado em agosto de 2014, ao mesmo tempo que o Banco Espírito Santo foi dividido em dois. O Novo Banco herdou os ativos não tóxicos do BES.
Nas negociações para a venda o governo criou um mecanismo de capital contingente, no valor de 3,9 mil milhões de euros, suportado pelo Fundo de Resolução, para o qual contribuem todos os bancos portugueses. Esse mecanismo, é ativado se os rácios de capital do banco caírem abaixo de 12,5% e os ativos tóxicos do Novo Banco sofram uma desvalorização face ao valor de referência.