A França e a Espanha querem energia verde mas não abandonam a eletricidade produzida nas centrais nucleares.
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O presidente francês e o chefe do Governo de Espanha foram questionados pelos jornalistas, no final da Cimeira sobre a Energia, que decorreu esta sexta-feira em Lisboa, sobre quais os planos que tinham para o encerramento das centrais nucleares nos dois países.
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Emmanuel Macron e Pedro Sánchez coincidem na posição. A redução da dependência do nuclear não pode comprometer a soberania nacional e "não vamos fechar centrais nucleares para abrir centrais a carvão nem para comprar gás no estrangeiro", adianta o Presidente francês.
Para o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, antes de acabar com o nuclear é preciso pensar na economia. "Devemos deixar muito claro que na transição energética temos que garantir a segurança no abastecimento energético do nosso país. Temos também que garantir e assegurar preços competitivos da eletricidade para as nossas empresas. O custo da energia no nosso país é já suficientemente alto".
Sobre a questão nuclear Pedro Sánchez adianta que vai envolver Portugal no debate em Espanha e vai dar a Lisboa toda a informação "atual e futura" sobre a central de Almaraz.
Também a França, que fecha todas as centrais a carvão em 2022 só pensa encerrar os reatores atómicos em casos excecionais. Emmanuel Macron quer, antes de fechar as centrais nucleares, passar do carvão para o gás natural.
"A estratégia de interconexão do gás só pode ser articulada com uma verdadeira estratégia de transição energética, em particular do carvão para o gás", subinha o Presidente francês.
Face a estas estratégias de produção Portugal assume-se como um vendedor de energia verde, mas António Costa quer chegar ao que ainda não foi feito.
"O armazenamento energético é a chave do sucesso de uma estratégia de energia assente nas energias renováveis e a melhoria da eficiência energética é a melhor garantia de que não precisamos de consumir mais energia para obter os mesmos resultados", argumenta António Costa.
Já para o Comissário responsável pela Ação Climática e Energia, Miguel Arias Cañete, também presente em Lisboa, "uma infraestrutura energética sólida e resiliente é essencial para incentivar a ação regional em novas áreas, como as energias renováveis e a eficiência energética. Tal permitir-nos-á concretizar os compromissos que assumimos no Acordo de Paris".
O comissário europeu afirma que está "particularmente satisfeito com a assinatura de uma convenção de subvenção para a linha elétrica que atravessa o golfo da Biscaia, o maior investimento de sempre numa infraestrutura energética no âmbito do Mecanismo Interligar a Europa. É bom para Espanha e para Portugal, é bom para França e é bom para a Europa", concluiu.
Esta sexta-feira em Lisboa foi assinada uma convenção de subvenção para a linha elétrica que atravessa o golfo da Biscaia, num total de 578 milhões de Euros.
Este é o maior investimento de sempre num projeto de infraestrutura energética no âmbito do Mecanismo Interligar a Europa. Com 280 quilómetros, esta interconexão elétrica duplicará até 2025 a capacidade de troca entre França e a Península Ibérica e aproximará a Península da meta de interconexão de 15 % da capacidade instalada em 2030.
Nesta cimeira das interligações energéticas foi também assinada a Declaração de Lisboa.
Um documento que tem por base a Declaração de Madrid, de março de 2015, que lançou o processo de interligações energéticas entre Portugal, Espanha e França.