"Nunca é boa notícia, mas não pode ser um drama." CIP defende que quebra da economia deve ser encarada como um desafio
No Fórum TSF, Armindo Monteiro defende que é preciso "criar riqueza e prosperidade para que as empresas possam pagar melhores salários, pagar mais impostos e para termos um Estado social melhor"
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O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Armindo Monteiro, desdramatiza o comportamento da economia portuguesa nos primeiros três meses do ano e defende que a quebra deve ser encarada como um desafio. O tema subiu a debate no Fórum TSF desta terça-feira, onde também o diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade aponta a degradação da situação internacional como razão para o pessimismo.
Em causa está a estimativa rápida divulgada na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística que revela que a economia portuguesa cresceu 1,6% em termos homólogos nos primeiros três meses do ano e contraiu-se 0,5% face ao trimestre anterior.
“Naturalmente que nunca é boa notícia, mas isto não pode ser um drama, ou seja, não temos que olhar isto agora frustrados. Temos que olhar para isto como um desafio para efetivamente fazermos melhor”, começa por considerar Armindo Monteiro.
Para o presidente da CIP, “é importante” perceber que as dificuldades de hoje em dia, nomeadamente para as empresas, que, sublinha, quase não conseguem “manter as portas abertas”
“O mundo está com todas as dificuldades que conhecemos. Não podemos ficar com esta frustração. Em conjunto precisamos de encontrar soluções. Esperamos que neste momento, em que estamos com este desafios todos também, seja uma oportunidade para transformar o país”, insiste.
Armindo Monteiro reconhece que Portugal “tem várias vulnerabilidades”, mas é preciso “criar riqueza e prosperidade para que as empresas possam pagar melhores salários, pagar mais impostos e para que tenhamos um Estado social melhor”. Como? “Isto tem que começar pela atração do investimento”, defende.
Com a campanha eleitoral na estrada, o presidente da CIP espera que os partidos expliquem como é que a economia pode crescer.
Também ouvido no Fórum TSF, o diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade explica que a degradação da situação internacional é a razão do pessimismo.
“Nós tivemos uma deterioração muito grande da conjuntura Internacional, sobretudo a partir de dia 2 de abril com o anúncio de Donald Trump de novas medidas e, pior ainda, uma semana depois com um redefinição das tarifas”, nota Pedro Braz Teixeira.
"Isto lança uma nova incerteza e a incerteza faz com que as empresas evitem investir e contratar e leva os consumidores a que evitem a fazer grandes compras”, acrescenta, sublinhando que isto “é um travão à economia”.
O Governo continua a perspetivar um crescimento económico acima de 2% este ano, bem como um excedente orçamental de 0,3% do Produto Interno Bruto.
O ministro da Economia recordou esta terça-feira que a economia portuguesa cresceu "acima de todas as previsões que existiam" em 2024, ao avançar 1,9%, e que o quarto trimestre de 2024 teve, com exceção do período da pandemia, "o maior crescimento em cadeia desde a entrada na zona euro".
Miranda Sarmento justificou assim a contração de 0,5% do PIB no primeiro trimestre deste ano, em cadeia, como uma "natural correção do crescimento, extraordinariamente elevado no quarto trimestre".
