Pedro Marques, ministro do Planeamento e Infraestruturas, abre o debate sobre os Planos de Estabilidade e de Reformas desafiando Passos Coelho a "apoiar o voto no PS, PCP e BE".
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"Com o desalento de alguns, mas com a satisfação dos portugueses, o diabo não apareceu", disse Pedro Marques, esta tarde, no parlamento, no arranque do Debate sobre o Programa de Estabilidade e o Programa Nacional de Reformas, criticando aqueles que "anunciaram o diabo a cada esquina".
Defendendo que a par do "crescimento da economia" também foram recuperados salários e empregos, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas garante que o Governo socialista - apoiado pela restante esquerda - irá prosseguir o esforço "ao longo da legislatura", considerando que, até ao momento, os resultados conseguidos foram "encorajadores".
Com um discurso direcionado para as bancadas do PSD e do CDS-PP, Pedro Marques recorda que, quando foi apresentado o Programa de Estabilidade de 2016, a oposição dizia que as propostas "não tinham consistência", que "não tinham o apoio de Bruxelas" e que os mercados "nos iriam crucificar".
"Os resultados confirmam que traçámos a rota certa e é com expectativa que aguardamos que o líder da oposição cumpra o que prometeu há mais de um ano", acrescentou, referindo-se às palavras de Pedro Passos Coelho que, numa entrevista, afirmou que caso a estratégia orçamental do Partido Socialista funcionasse "passaria a defender o voto no PS, Bloco de Esquerda e PCP".
Além das críticas ao anterior Governo e ao ex-primeiro-ministro, Pedro Marques defendeu ainda que "sem perder de vista o cumprimento das metas orçamentais e o rigor das contas públicas" o atual Executivo realizou "um conjunto de medidas viradas para a coesão social", dando como exemplo o "combate ao insucesso escolar" ou a "gratuitidade dos manuais escolares".
Esquerda pede mais, direita critica "falta de investimento"
Depois de Pedro Marques ter garantido o "esforço" por parte do Governo do PS para recuperar rendimentos e cumprir as metas orçamentais, José Soeiro, deputado do BE, lançou o repto: "No próximo ano o salário mínimo tem de aumentar para 580 euros e, em 2019, para 600 euros, tal como no programa do Governo", defendendo ainda o "direito à reforma, sem qualquer penalização, para quem trabalha desde criança".
Pelo PCP, Bruno Dias lançou o tema do investimento público, salientando que com o atual ritmo, o Governo chega ao fim da legislatura "com um valor do investimento público que devia ser o ponto inicial". Uma matéria abordada também à direita pelo PSD que, pelo deputado Luís Leite Ramos, criticou o que entende como a "queda no investimento", que, adianta, teve consequências nas obras públicas e em áreas como as rodovias ou os caminhos-de-ferro.
Ainda à esquerda, Heloísa Apolónia, do PEV, atirou a PSD e CDS-PP e a uma "lógica que estava destruir país e que promovia um empobrecimento estrutural", enquanto Jamila Madeira, deputada socialista, afirmou: "Existe, de facto, outro caminho. Não custa muito, é apenas pensar nas pessoas e no país". Já André Silva, do PAN, questionou o ministro sobre o trabalho desenvolvido pelo Executivo para uma "descarbonização da economia".
Pelo CDS-PP, Nuno Magalhães não poupou o discurso de Pedro Marques: "Veio falar num mundo cor-de-rosa, veio falar de investimento? Teremos ouvido bem? Prometia um aumento de 7,8% e final caiu 0,1%. Cresceu para baixo?", disse o líder parlamentar do CDS-PP, que acrescentou: "Se este programa representa o sucesso do Governo, porque é que não levam este documento a votos?".