As contas são difíceis, mas só em impostos sobre o tabaco cada fumador entrega, em média, por ano, 771 euros ao Estado.
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Começamos pela parte mais simples: quanto recebe o Estado dos fumadores? Os últimos números revelam que só em impostos sobre o tabaco, em 2014, o Estado arrecadou 1,4 mil milhões de euros.
Sabendo que Portugal tem 1,8 milhões de fumadores, em média (uns fumam mais do que outros), cada um entrega ao Estado 771 euros por ano ou 64 euros por mês. Dinheiro que, à partida, ajuda o crónico défice das contas públicas portuguesas.
Depois, é preciso olhar para o outro lado: os custos que o tabaco tem, direta e indiretamente, para o Estado em contas que são muito mais complexas.
O presidente da Confederação Portuguesa para a Prevenção do Tabagismo explica que o último estudo que se conhece sobre o assunto foi feito em 2007. É antigo, mas dá para ter uma ideia e foi feito por vários investigadores da Universidade Católica e da Faculdade de Medicina de Lisboa. Na altura, só os custos das doenças relacionadas com o consumo de tabaco rondavam, para o Estado, quase 1.400 milhões de euros por ano, igualando as receitas do Estado.
Contudo, Emanuel Esteves acrescenta que é preciso adicionar os custos das doenças diretamente atribuídas ao tabaco que chegam aos 500 milhões de euros.
Juntando tudo, o tabaco custa, só em despesas com saúde, 1,9 mil milhões de euros, e isto não inclui outros prejuízos como o absentismo, a diminuição da produtividade, medicamentos e tratamentos pagos pelas famílias ou custos para os fumadores passivos.
Emanuel Esteves conclui e diz que isto tem de ser dito: "fala-se muito daquilo que o Estado ganha com o tabaco, mas a verdade é que as despesas que depois tem são muito maiores".
Argumentos que levam a Confederação Portuguesa para a Prevenção do Tabagismo a defender um aumento, significativo, do preço do tabaco que em Portugal continua abaixo da média europeia.