Bagão Félix, no comentário semanal na TSF, deu o exemplo alemão da aposta na formação profissional como combate à taxa de desemprego jovem, mas sublinhou que as empresas também têm de estar atentas.
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No habitual comentário semanal na TSF, o economista aproveitou o facto de estar na Alemanha para dar conta de um dos sistemas profissionalizantes mais eficazes do ponto de vista da empregabilidade. "Chama-se aprendizagem - que também existe em Portugal embora em menor escala - e que no fundo dá uma dupla certificação: a escolar e a profissional. Cerca de 90% dos formandos de educação profissionalizante funcionam segundo este sistema", destacou Bagão Félix.
O antigo ministro das Finanças sublinhou que se for feita uma comparação da taxa de desemprego global de um país e da taxa de desemprego das pessoas entre os 15 e os 24, normalmente a taxa de desemprego jovem é superior. "Em Portugal, a indiscutível descida do desemprego, que é de 8,2%, mas temos a de desemprego juvenil que é de 24,2%, ou seja, o triplo. Na Alemanha, a taxa de desemprego é de cerca de 4% e uma taxa de desemprego jovem à volta dos 6%", lembrou.
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No entanto, considerou Bagão Félix, o "principal adversário destes cursos passa ainda, há que reconhecê-lo, pelo estigma enraizado da chamada 'bata azul', mas o que é certo é que temos em Portugal cerca de 90 mil jovens desempregados com licenciatura, o que corresponde a cerca de um quinto da população desempregada. E já não conto com os licenciados que estão empregados fora da sua formações, subaproveitados ou muito mal renumerados".
"Não em todas mas em algumas áreas temos licenciados a mais, e depois noutras áreas temos profissões especializadas e quadros intermédios a menos", considerou o economista, defendendo que "é aqui que este sistema de formação profissional da aprendizagem, da formação em alternância entre a escola e a empresa, é fundamental".
No entanto, acrescentou, "exige um setor empresarial que o compreenda, que o estimule, que o assimile, que o reproduza, e por outro lado um sistema de aprendizagem que não se limite às questões antigas e clássicas, mas que possa estar constantemente relacionado com a nova geografia profissional e o desenvolvimento de novas tecnologias".