Miguel Frasquilho, diretor da agência para o investimento e comércio externo de Portugal considera que Portugal não pode "perder o comboio" do crescimento indiano.
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Que conclusões retira para já dos seus contactos na Índia?
Tem sido muito interessante verificar que há um enorme interesse das comunidades empresariais dos dois países em estabelecerem relações e pontes e é isso mesmo o que pretendemos numa missão deste género: intensificar os laços económicos entre a Índia e Portugal que apesar de terem conhecido uma evolução positiva nos últimos anos, tem ainda um largo caminho a percorrer.
A partir desta missão ao mais alto nível ficam abertas as portas para essa intensificação e só posso dizer nesta altura que pelo número de pedidos e de contactos de que já fui alvo eu e o nosso diretor em Nova Deli certamente vamos percorrer uma estrada muito positiva.
A Índia vai rapidamente tornar-se numa das principais economias mundiais. Trata-se também de não perder o comboio?
Exatamente. A economia indiana tem um dinamismo fortíssimo. A Índia está também com políticas de abertura ao exterior e Portugal tem de aproveitar.
Quais os principais setores que podem dinamizar a relação comercial?
Os setores mais variados, dos mais tradicionais aos mais tecnologicamente avançados, tentando também aproveitar o facto de Portugal ser a casa da WebSummit, que conseguimos ganhar no ano passado. Isso é também um cartão de visita extraordinário, e aqui em Bangalore há uma comunidade tecnológica muito importante.
Entre os principais setores estão a energia, as águas, o turismo, a moda, as indústrias automóvel, aeroespacial e aeronáutica. Temos um manancial de oportunidades para intensificar as relações, e penso que vamos sair daqui com a certeza de que o caminho muito rapidamente positivo.
Por exemplo, no pequeno-almoço com empresários tivemos casos de empresas indianas que já estão em Portugal e puderam testemunhar muito favoravelmente a experiência que tiveram no nosso país. Esse é o melhor cartão de visita que qualquer país ou governo ou agência para o investimento pode ter: o testemunho das empresas que já estão no terreno.
Quais as principais queixas dos empresários portugueses que querem entrar na Índia?
A dimensão do mercado, o facto de ser um país que tem ainda algum protecionismo, como noutras economias, e o facto de ser um mercado que pela sua vastidão é desconhecido para os portugueses. É por isso mesmo que a AICEP está no terreno, temos o nosso escritório em Nova Deli e uma pessoa no terreno em Mumbai, que já foi um reforço no último ano.
É um mercado reconhecidamente difícil, mas as perspetivas são positivas, pelas portas que se estão a abrir, e sobretudo pela procura que temos tido por parte de empresários indianos, que tem sido extraordinária. O nosso diretor em Nova Deli não tem mãos a medir, está a ser apresentado a várias dezenas de empresários indianos que têm intenções de intensificar as relações com Portugal, não só estabelecendo parcerias mas também investindo.