O "imposto Coca-Cola" vai agravar-se, portanto optar por bebidas menos doces pode ser uma boa resolução de ano novo.
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Ter a despensa cheia é sempre bom sinal, mas obriga-nos a ver outra coisa esvaziar-se: os bolsos. Com a entrada no novo ano, há produtos que talvez deixem de entrar nalgumas despensas, isto porque vão ver os seus preços alterados, alguns deles com diferenças significativas. Reunimos alguns dos produtos mais comuns nas despensas dos portugueses para perceber se vão, afinal de contas, deixar de ter lugar cativo nas prateleiras dos lares nacionais.
Bebidas doces vão encarecer... ou amargar
Tem sido uma tendência no período de governação do atual Executivo e vai agravar-se no próximo ano. Até aqui, o IABA (imposto sobre o álcool e as bebidas alcoólicas) sobre as bebidas não-alcoólicas com açúcar era de 8,22 euros por cada 100 litros para as bebidas com teor de açúcar inferior a 80 gramas por litro e de 16,69 por cada 100 litros para bebidas com teor de açúcar por litro superior a 80 gramas. Pois bem, em 2019, criam-se dois novos patamares no chamado "imposto Coca-Cola": as bebidas com até 25 gramas de açúcar por litro deverão pagar cerca de um euro por cada cem litros, enquanto as que têm entre 25 e 50 gramas de açúcar por litro passam a pagar seis por cada 100 litros.
Estes novos escalões afetam naturalmente, os dois já existentes: as bebidas com entre 50 e 80 gramas de açúcar por litro pagarão oito euros por cada 100 litros e o escalão mais alto, para bebidas com teor de açúcar por litro superior a 80 gramas, pressupõe um pagamento de 20 euros por cada 100 litros.
Passando a exemplos práticos, e segundo um estudo da consultora EY para a TSF, um pack de seis latas de Coca-Cola - bebida com mais de 80 gramas por litro - aumenta, em média, sete cêntimos, passando a custar 3,56 euros. Já um pack de quatro garrafas de 1,75 litros da mesma bebida aumenta 22 cêntimos para 6,01 euros. Uma garrafa deste volume vai ser cinco cêntimos mais cara, alcançando os 1,94 euros.
Os novos escalões do imposto levam também a algumas diminuições nos preços, como é o caso da 7Up - com um teor de açúcar entre 50 e 80 gramas por litro. Um conjunto de quatro garrafas de dois litros cada fica 3 cêntimos mais barato. O mesmo acontece ao Sumol e à Fanta, com quedas semelhantes.
No caso das bebidas com entre 25 a 50 gramas de açúcar por litro - como é o caso de muitos Iced Teas - uma embalagem de um litro vai cair cerca de dois cêntimos.
Pão pode subir
Com poucos cêntimos se compra (felizmente) um pão, mas esses poucos cêntimos podem ser mais alguns em 2019. O alerta vem da Associação dos Industriais da Panificação, Pastelaria e Similares do Norte e é explicado por dois fatores: o aumento dos preços das farinhas e o aumento do salário mínimo.
Começando pela matéria-prima, os últimos três meses têm sido de encarecimento nos últimos três meses: o preço da farinha aumentou em cerca de 10%.
Já no que diz respeito ao aumento do salário mínimo - que sobe para os 600 euros no setor privado e para os 635 no setor público - já a partir de 1 de janeiro de 2019 pode levar a uma atualização condizente no preço do pão.
Leite deve manter o preço
Embora as alternativas sejam cada vez mais, o leite é um dos produtos mais comuns nas casas portuguesas. Companheiro de muitos pequenos-almoços ou lanches - sejam eles escolares ou não - o leite não deve sentir alterações significativas. Há pouco mais de uma semana, em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac), Fernando Cardoso, explicava que o preço do leite deverá manter-se em 2019, notando no entanto que a escassez de alimentação para os animais pode vir a ter alguma influência a longo prazo.
"Diria que há uma tendência para se manter aos níveis do que acontece neste momento [...], mas depende muito mais da posição da distribuição. Não há grandes indicadores que nos permitam dizer que os preços vão aumentar ou baixar", disse Fernando Cardoso.
Esta quinta-feira, os produtores de leite deram a conhecer a intenção de ver aumentado, já no próximo ano, o preço mínimo pago por litro aos produtores. Os profissionais do setor querem estabelecer um um preço de 37 cêntimos por litro para enfrentar os custos de produção, explicou a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP), aproximando os valores portugueses aos da média da União Europeia.
Azeite em tendência de descida
Não foi uma campanha fácil para o azeite e isso deverá refletir-se nos preços. Em Portugal, a maturação e apanha da azeitona atrasou-se cerca de 4 semanas, levando a quebras de produção e a uma consequente estimativa volume de produção inferior ao do ano anterior. Estes fatores, aliados a uma tendência de diminuição do consumo registada pela União Europeia e ao preço naturalmente volátil do azeite deve levar a uma diminuição nos preços. A Olivum - Associação de Olivicultores do Sul estima uma quebra de faturação na ordem dos 150 milhões de euros.
Álcool não sofre aumentos
É uma pequena grande vitória das cervejeiras e destilarias: as bebidas alcoólicas (excluindo vinho) não vão sofrer qualquer agravamento. É, aliás, a primeira vez que o Executivo liderado por António Costa não aumenta especificamente as cervejas, bebidas espirituosas e vinhos licorosos. A taxa sobre estas bebidas deve manter-se nos atuais 1,5%, salvo o exemplo específico do vinho, que tem taxa zero.