"O tema competência tem de vir à baila." ANAV considera "inadmissível" caos instalado nos aeroportos
Em causa está a introdução do novo sistema europeu de controlo de fronteiras para cidadãos extracomunitários, que provocou na terça-feira longas filas de espera, com os cidadãos a esperaram mais de 90 minutos nas partidas e chegadas do aeroporto de Lisboa
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A Associação Nacional de Agências de Viagens (ANAV) considera "inadmissível" o caos instalado nos aeroportos portugueses devido à implementação do novo sistema europeu de controlo de fronteiras, afirmando que o "tema competência tem de vir à baila".
Em declarações à TSF, o presidente da ANAV, Miguel Quintas, defende ser "inadmissível o caos" que se instalou nos aeroportos portugueses, com os passageiros a terem de esperar mais de 90 minutos nas partidas e chegadas, e avisa que os custos para o setor do turismo são incalculáveis.
"Todos somos viajantes e as pessoas sabem bem o que é que é chegar a um aeroporto internacional e ter de estar duas ou três horas numa fila: é o primeiro cartão de visita que arrasa completamente logo com o destino", sublinha.
Ainda que confesse que "não gostaria de utilizar esta palavra", o líder da ANAV entende é preciso que "o tema competência" venha "aqui à baila". Lembra, por isso, que a implementação do novo sistema está a ser implementado em toda a Europa, havendo apenas registos de "um ou outro constrangimento" nos aeroportos europeus, nomeadamente em Praga e França.
Argumenta ainda que o novo controlo de fronteiras tem um "nível de flexibilidade altíssimo", o que significa que, em caso de problemas, a Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) "está livre para poder parar o controlo desses estrangeiros". Para tentar minimizar impacto, a Associação das Agências de Viagens reuniu-se com a ANA - Aeroportos de Portugal, mas Miguel Quintas insiste que o problema está na agência.
"Não há justificação absolutamente nenhuma para as filas de espera, porque, se a facilidade é grande, a AIMA está a falhar", atira, destacando igualmente a existência de forças policiais profissionalizadas para "atenderem manualmente quando os sistemas não funcionam".
"Ora, nós já tivemos um problema de recrutamento: as pessoas a atenderem fisicamente nas boxes do aeroporto não eram suficientes e presumo que neste momento estamos exatamente com o mesmo problema", elucida.
Miguel Quintas lamenta, assim, que se esteja a repetir o caos do verão e aponta que, além desta situação, há pré-avisos de greve, uma realidade à qual se junta a aproximação do Natal, uma das épocas para épocas altas para o turismo português.
"As vendas para o final do ano estão a acontecer a grande ritmo e vice-versa, portanto, não só enviar turistas para fora, mas também para receber turistas em Portugal. E eu gostaria de poder acreditar, mas infelizmente cada vez a nossa esperança é mais reduzida, que os problemas dos sistemas estejam resolvidos [até ao Natal]", refere.
Perante realidade vivida, o líder da ANAV recomenda aos passageiros viagem a partir de Portugal para se desloquem para os aeroportos com pelo menos duas horas de antecedência.
Em causa está a introdução do novo sistema europeu de controlo de fronteiras para cidadãos extracomunitários, em funcionamento em Portugal e restantes países do espaço Schengen desde domingo. Com este modelo, as entradas e saídas de viajantes de países terceiros passam a ser registadas eletronicamente, com indicação da data, hora e posto de fronteira, substituindo os tradicionais carimbos nos passaportes. Mas, na terça-feira, o dia com mais voos de e para o espaço Schengen, os cidadãos de fora da UE esperaram mais de 90 minutos nas partidas e chegadas do aeroporto de Lisboa.