A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico estima, num relatório divulgado hoje, que a economia portuguesa cresça 1,3% em 2015, abaixo do que previu em maio e abaixo dos 1,5% previstos pelo Governo.
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No 'Economic Survey' de 2014 divulgado hoje, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) revê ligeiramente em baixa a perspetiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português, estimando agora que aumente 1,3% no próximo ano, menos 0,1 pontos percentuais do que o calculado em maio.
A estimativa conhecida hoje fica também abaixo do previsto pelo Executivo liderado por Pedro Passos Coelho no Orçamento do Estado para 2015, que antecipa que o PIB cresça 1,5% já no próximo ano.
Segundo o relatório, a OCDE prevê um crescimento de 1,5% em 2016, também 0,2 pontos percentuais abaixo do que antecipou o Governo para esse ano (1,7%) no Documento de Estratégia Orçamental (DEO), divulgado em abril.
A OCDE) estima também que o défice atinja os 2,9% do PIB e a dívida pública portuguesa os 128,3% do PIB em 2015, acima das metas previstas pelo Governo. Para 2014, a instituição estima um défice orçamental de 4,9% do PIB, ligeiramente superior aos 4,8% comunicados a Bruxelas pelo Governo no âmbito do Procedimento por Défices Excessivos no final de setembro.
A instituição liderada por Angel Gurría também reviu em baixa a previsão de crescimento para 2014, esperando agora que o PIB aumente 0,8%, em vez dos 1,1% estimados em maio. Esta estimativa fica também abaixo do crescimento previsto pelo Governo na proposta de Orçamento: 1%.
A organização espera também que a taxa de desemprego este ano e no próximo seja inferior ao estimado em maio, antevendo agora que seja de 14,1% (menos um ponto percentual) em 2014 e 13,3% em 2015 (menos 1,5 pontos percentuais).
Estas previsões de desemprego são mais otimistas do que as previsões do Governo para este ano, de 14,2%, e para o próximo, 13,4%, segundo a proposta orçamental para 2015. Já para 2016, a taxa de desemprego poderá descer para os 13%.
No relatório, a OCDE considera que «as exportações vão continuar a liderar a recuperação económica, acompanhadas pela recuperação dos mercados de exportação portugueses, especialmente na zona euro».
As exportações, que a Organização afirma que têm de ser reforçadas, podem também levar à melhoria no saldo da balança de pagamentos. A OCDE admite que as contas externas passem de um défice de 0,4% do PIB este ano para um saldo positivo de 0,5% no próximo e de 1% do PIB em 2016.
Por outro lado, a organização admite que a necessidade de consolidação orçamental, a ainda elevada dívida do setor público e o desemprego «vão conter» a procura interna.