A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) diz hoje que os países devedores com programas da troika devem reduzir o seu défice orçamental e défice externo através de maiores cortes na despesa, restrições salariais e reformas estruturais.
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No relatório hoje publicado com uma avaliação intercalar da evolução macroeconómica, a OCDE diz que os mercados deixam pouca margem de manobra aos países da zona euro em maiores dificuldades, apesar de ser desejável um ajustamento mais «amigo» do crescimento económico, apontando o caminho para os países sob programas de ajustamento da troika - como é o caso de Portugal, Irlanda e Grécia - e ainda Espanha.
«Nos países devedores, os défices externo e orçamental têm de ser reduzidos ainda mais através de cortes na despesa e de restrições salariais, e com reformas estruturais implementadas para aumentar a velocidade da necessária realocação de recursos», escreve a organização.
O relatório que está a ser apresentado em Paris pelo economista-chefe da organização, Pier Carlo Padoan, diz também que os países credores da zona euro devem aumentar a capacidade de absorção das economias domésticas, o que irá implicar salários mais altos, maior consumo privado e investimento, e necessariamente maior inflação, exatamente o ponto que a Alemanha, maior economia da Europa, tem combatido e utilizado para restringir movimentos ao Banco Central Europeu e às instituições europeias.
A OCDE defende ainda que os desafios políticos e sociais envolvidos no ajustamento que a zona euro tem de fazer seriam menores se este ajustamento pudesse decorrer num ambiente de crescimento na região como um todo.
Da troika fazem parte o Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia.