OE "sem grandes paixões": pensionistas "vão continuar na miséria" e subida dos combustíveis "é má para o país"
A aprovação do OE2026 na generalidade subiu a debate no Fórum TSF. A Confederação Nacional de Pensionistas e Idosos deixa um desafio ao Governo: "Com a proposta de 2,8% apenas para as mais baixas, eu gostava de saber como é que a senhora ministra seria capaz de se governar com uma reforma destas"
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O Orçamento do Estado para 2026 vai ser, esta terça-feira, aprovado na generalidade pelo Parlamento, com os votos a favor do PSD e CDS e a abstenção do PS. O tema subiu a debate no Fórum TSF. O documento não suscita "grandes paixões" e, por isso, Maria do Rosário Gama, presidente da Associação de Aposentações, Pensionistas e Reformados, discorda da decisão dos socialistas, que optaram por abster-se, e critica a recusa do Governo em olhar de forma permanente para as pensões mais baixas. No mesmo sentido, a Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis fala numa proposta "prejudicial" para todos.
"O Partido Socialista vai abster-se, acho que não devia, uma vez que o Governo não vai aceitar as reivindicações no que diz respeito às pensões e, portanto, vamos continuar com esta situação de miséria numa grande parte dos pensionistas", considera.
Também Maria Isabel Gomes, presidente da Confederação Nacional de Pensionistas e Idosos, quer um aumento permanente das pensões mais baixas e deixa um desafio ao Governo: "Nós ouvimos a senhora ministra ontem [segunda-feira] a dizer que a maioria dos pensionistas vai ter alguma recuperação do poder de compra. Com a proposta que coloca em cima da mesa, de 2,8% apenas para as mais baixas, eu gostava de saber como é que a senhora ministra seria capaz de se governar com uma reforma destas."
Lembra também que o Governo "abana com um novo suplemento, se existir folga orçamental". "O que é isso de folga orçamental? A Segurança Social tem saldo e isso deveria ser aproveitado", atira.
Já Mafalda Trigo, vice-presidente da Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC), mostra-se preocupada com as medidas do Orçamento que poderão resultar num aumento do preço dos combustíveis.
"A ANAREC vê com muita preocupação o aumento previsto de ISP e da taxa de carbono para o ano de 2026. Neste momento, fala-se em cerca de mais 5%. Isso indubitadamente irá levar a um aumento do preço final dos combustíveis, o que é muito prejudicial para todos os consumidores e para o próprio país", argumenta.
Para Mafalda Trigo, a subida do custo dos combustíveis vai contribuir para "o fosso que existe com os preços de Espanha". "É mau para os vendedores, é mau para o país, porque deixa de receber tantos impostos, até pode receber menos por cada litro, mas o consumo ser transferido para Espanha acaba por ser também mau para o país."
Olhando para o Orçamento do Estado, Armindo Monteiro, presidente da Confederação Empresarial de Portugal, confessa que o documento não lhe desperta "paixões".
"A política fiscal ficou ausente deste Orçamento e, naturalmente, é muito importante, mas, ao ser tratada fora do Orçamento, o documento ficou esvaziado de instrumentos importantes. Não estamos a dizer que é irreparável, porque tudo isso pode ser tratado com legislação própria, mas também por isso este Orçamento não nos solicita grandes paixões, precisamente porque não tem instrumentos económicos para aquilo que consideramos absolutamente essencial, que é o crescimento económico", sublinha.
