Défice da administração central atingiu 480 milhões de euros, valor pior do que há um mês e do que há um ano. Governo assegura que o resultado está dentro do limite imposto pela troika.
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No primeiro trimestre o défice da administração central atingiu os 480 milhões de euros. O valor representa compara negativamente com os primeiros dois meses do ano e com o mesmo período de 2011: Em Fevereiro o saldo era positivo no valor de 450 milhões de euros, e em Março do ano passado o resultado era de 560 milhões, também a favor do estado.
Mas logo nas primeiras linhas do relatório de execução orçamental a direção-geral do orçamento sublinha que este valor é muito inferior ao previsto pela troika.
Ora o memorando de entendimento prevê um défice no final do ano de qualquer coisa como 7650 milhões de euros, o que significa que, se as contas públicas evoluíssem de forma homogénea ao longo do ano, em março, o limite seria de cerca de 1900 milhões. A nota otimista do documento não menciona o provável agravamento da saúde das contas públicas por via do aumento do desemprego e da redução mais que provável do consumo privado ao longo dos 9 meses que restam de 2012.
O governo explica o agravamento do saldo com alguns dos mesmos argumentos que justificaram o orçamento retificativo: a transferência 350 milhões de euros para a RTP, e o pagamento de pensões da banca. Para além destes fatores, há que ter em conta que os números de 2011 são afetados pela sobretaxa de IRC e pelo encaixe do fundo de pensões da Portugal Telecom.
O resto do agravamento explica-se pela quebra nas receitas fiscais, que recuaram quase 6 %, com o IVA a cair mais de 3 %, e com o crescimento de 3,5 % da despesa, valor que já inclui a tal transferência para a RTP.