O coordenador do BE acusou hoje o primeiro-ministro de fazer «uma ameaça a todos os funcionários públicos», garantindo que «vai continuar a austeridade», ao prometer propostas sucessivas ao Tribunal Constitucional (TC) sobre a devolução dos cortes salariais.
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«Não se tratou de um lapso, de uma distração, de um esquecimento ou equívoco do primeiro-ministro. Teve a oportunidade de corrigir as suas palavras. Repetiu aquilo que tinha dito - se ganhar as próximas eleições, Passos Coelho sente-se mandatado para não respeitar decisão do TC e manter os cortes na função pública. Não fez um anúncio, fez uma ameaça a todos os funcionários públicos, deu a garantia de que vai continuar a austeridade», declarou João Semedo.
A primeira parte do debate na generalidade da proposta de orçamento do Estado para 2015 (OE2015) ficou marcada pelo assunto, com o líder do executivo da maioria PSD/CDS-PP a considerar que a anterior decisão dos juízes do Palácio Ratton deixou em aberto a possibilidade de reposição gradual dos cortes a 20% ao ano e em vez da reposição total dos salários do setor público a partir de 2016.
«Resta agora saber o que fará, o que dirá o PS sobre os cortes nos salários da administração pública» disse ainda Semedo.
Para o deputado bloquista, «nem trabalho, nem direitos, nem salário» e «o Governo instaurou o regime do vale tudo no trabalho», sendo «a precaridade a regra».