A Organização Internacional do Trabalho considera que o Governo deve ponderar aumentar o salário mínimo, e diz que com a ajuda da Europa, o país pode criar 100 mil empregos até 2015.
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A Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera que é possível criar 108 mil empregos nos próximos dois anos.
No relatório "Enfrentar a crise do emprego em Portugal", publicado nesta segunda-feira, a instituição escreve que esses postos de trabalho criados diminuem a taxa de desemprego em dois pontos percentuais e têm o potencial de fazer aumentar o PIB também em dois pontos percentuais.
Mas para isso, são necessárias medidas de âmbito nacional e europeu.
A União Europeia tem de acelerar a união bancária - mecanismo de supervisão bancária europeia que é um dos requisitos para que a Europa possa recapitalizar, de forma directa, bancos em dificuldades.
Se a união bancária for para a frente, escreve a OIT, as empresas portuguesas vão ver as taxas de juro que pagam pelo crédito bancário cair pelo menos 1,5 pontos percentuais - o que é equivalente a cortar pela metade o spread da taxa de juro relativa à Alemanha. E com crédito mais barato, as empresas vão fazer mais investimento - e criar mais emprego.
Mas Portugal também tem que mudar de política: há que apostar mais, diz a Organização Internacional do Trabalho, em medidas activas de emprego.
Em 2011 Portugal gastava, por cada desempregado, 1200 euros em políticas activas no mercado de trabalho - metade da média europeia. O país deve, escreve a OIT, convergir para 2400 euros por cada pessoa sem trabalho activamente à procura de emprego.
A organização considera que essas medidas devem passar pelos incentivos ao emprego jovem, pelo combate aos falsos recibos verdes, pela aposta na qualificação, pela dinamização do serviço público de emprego, entre muitas outras.
Só em 2014, se estas duas medidas fossem concretizadas, haveria mais 92 mil pessoas com trabalho e a taxa de desemprego cairia 1,7%, com um impacto positivo no PIB de 1,8%.
No final de 2015 o número de novos postos de trabalho ocupados seria de 108 mil. A taxa de desemprego teria caído 2%, e o impacto positivo no crescimento económico subiria para 2,3%.
A OIT sugere ainda que o governo pondere uma actualização do salário mínimo e do Indexante de Apoio Social (IAS, hoje nos 419 euros), que serve de base ao cálculo das prestações sociais, dizendo que o custo da medida pode ser compensado no médio e longo prazo pelo benefício económico. Este, considera a OIT, pode ser um passo importante para que o país consiga uma recuperação económica geradora de emprego.
No relatório que nesta segunda-feira vai estar em cima da mesa no encontro entre o director-geral da OIT e vários elementos do governo, incluindo Passos Coelho, a organização acrescenta ainda, sem apontar medidas concretas, que no que diz respeito a pensões e ao sistema de saúde, as reformas precisam de ser orientadas por considerações de equidade e sublinha que em 2011, 19,2% dos reformados (com 65 anos ou mais) corriam risco de pobreza, contra uma média de 14,7% na UE-27.