Portugal e Grécia estão «no meio da depressão» económica, enquanto na Europa o abrandamento ou recessão se torna regra geral, afirma a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
Corpo do artigo
Intitulado "Políticas para o Crescimento Inclusivo e Equilibrado", o relatório da UNCTAD hoje divulgado refere que este ano quase todos os países europeus vão registar desaceleração de crescimento (França, Alemanha, Suécia), ou cair em recessão (Hungria, Itália, Holanda, Espanha e Reino Unido).
«Entretanto, Portugal e Grécia estão já no meio de uma depressão económica», refere o relatório, que cita apenas Noruega e Islândia como exceções na Europa, registando uma aceleração das suas economias.
Com outras opções limitadas, nomeadamente a nível de políticas monetárias, o foco das autoridades para estimular o crescimento e a competitividade são as reformas estruturais, incluindo redução de proteção laboral, cortes a nível da administração pública e prestações sociais, ou liberalização dos setores de energia e retalho.
Ao nível das privatizações, Portugal está entre os países citados pela UNCTAD como mais ativos, juntamente com Grécia, Irlanda e Europa Central e de Leste.
O relatório foca-se também sobre a questão da igualdade de rendimentos e apresenta Portugal como um dos países europeus em que, desde o início da década de 1980, os rendimentos do um por cento de contribuintes mais ricos registaram maior aumento, a par de Finlândia, Irlanda, Itália e Noruega.
O documento, apresentado em Genebra, Suíça, adverte que o crescimento está a desacelerar em todas as regiões do mundo, paralisado, em parte, pelas medidas de austeridade que estão a prejudicar a procura nos mercados dos principais países desenvolvidos, reduzindo assim as perspetivas de exportação dos países em desenvolvimento.
Sustenta que a austeridade fiscal e a diminuição salarial não produziram os resultados esperados e estão a enfraquecer ainda mais o crescimento nos países desenvolvidos.
Um número de países em desenvolvimento está a realizar políticas que apoiam a procura doméstica - indica -, mas estas não serão suficientes se o crescimento não atingir as grandes economias avançadas.
O crescimento global caiu de 4,1 por cento em 2010 para 2,7 por cento em 2011 e vai continuar a abrandar para 2,3 por cento este ano.
O relatório avança uma queda nos países desenvolvidos para um crescimento de apenas um por cento este ano - uma combinação de uma recessão renovada na União Europeia com o crescimento de cerca de dois por cento nos Estados Unidos e Japão.
A expansão económica nas economias em desenvolvimento e em transição deverá ser mais forte ao longo de 2012 - cinco e quatro por cento, respetivamente -, mas também abaixo de anos anteriores.