A UTAO diz que o espírito do Orçamento era "expansionista", quando foi enviado, em esboço, para Bruxelas e voltou de lá "contracionista". A incerteza quanto à reação das empresas e investidores é um dos pontos que ameaça o cumprimento das metas dizem os técnicos parlamentares.
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Os técnicos da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) fizeram esta avaliação na análise preliminar ao documento atual, ou seja, ao que evoluiu do esboço de orçamento que foi levado a Bruxelas e depois corrigido pelo Governo passando, segundo a UTAO, para "contracionista".
As diferenças entre os dois documentos decorrem das negociações com Bruxelas que levaram à inclusão de medidas adicionais de austeridade no valor de cerca de 1.125 milhões de euros.
De acordo com o jornal de negócios, a política orçamental passou a ter natureza restritiva resultante de "uma melhoria do saldo estrutural em 2016.
O Jornal de Negócios e o Diário Económico tiveram acesso à apreciação da UTAO que faz vários sublinhados. O primeiro sublinhado aponta para a incerteza decorrente do facto de não se saber como vão as empresas e os investidores reagir à política económica do Governo. Uma incerteza à qual se soma um risco relativamente ao crescimento económico previsto pelo executivo de António Costa, que, segundo o relatório, pode acontecer fruto de uma desaceleração do consumo privado uma vez que algumas das políticas adotadas poderão ser consideradas como desencorajadoras do consumo.
Além deste fator, a UTAO alerta que uma recuperação mais lenta do mercado de trabalho pode também contribuir para um crescimento mais lento do consumo privado.
No documento sublinham-se também alguns aspetos positivos. Por exemplo, "a concretização de medidas de política económica com impacto no aumento do rendimento dos escalões de menores rendimentos poderá conduzir a efeitos positivos sobre o crescimento do PIB" por via do aumento do consumo e por um menor crescimento das importações.
A UTAO não esqueceu também o contexto internacional, alertando que Portugal continua a "ter necessidade de financiamento das administrações públicas e, perante elevados níveis de endividamento, a vulnerabilidade a eventuais choques financeiros globais é muito elevada".