Panama Papers: IGCP, CP e Segurança Social usaram offshore. Total: 130 milhões
As três entidades públicas usaram paraísos fiscais: a CP para emitir dívida, a agência de tesouraria para a comprar. Segurança Social investiu numa farmacêutica. Governo vai impedir mais casos.
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As entidades portuguesas que usaram offshores são o IGCP, a CP e a Segurança Social. No âmbito do dossier 'Panama Papers', investigado pelo Expresso, o jornal revelou, citando dados do FMI, que existiam aplicações de entidades públicas no valor de quase 150 milhões de euros na ilha de Jersey e na Jordânia, mas não revelava de que organismos do Estado se tratava.
A TSF sabe que essas entidades são a Segurança social, embora num valor cem vezes menor do que o inicialmente noticiado, e o IGCP (agência de tesouraria e gestão da dívida pública).
No primeiro trimestre de 2015 o IGCP aplicou cerca de 130 milhões de euros em obrigações da CP. Detalhe: essas obrigações lançadas pela empresa de caminhos-de-ferro através da CP Finance foram emitidas através de um veículo financeiro sediado em Jersey, uma das ilhas do Canal da Mancha.
Pelo que a TSF apurou, essa operação atingiu a maturidade em julho do ano passado.
A operação, explica à TSF fonte conhecedora dos detalhes, foi feita no âmbito de uma aplicação de excedente de liquidez em dívida pública e de empresas públicas reclassificadas.
A notícia do Expresso dava conta também de uma aplicação na Jordânia no valor de 17 milhões de euros. Esta era, afinal, um erro de reporte: houve uma aplicação, mas de 170 mil euros - cem vezes inferior - feita pela Segurança Social numa empresa farmacêutica cotada em Londres. Este investimento foi vendido já em 2016.
A TSF sabe também que o executivo se prepara para para impedir este tipo de aplicações e de emissões de dívida de empresas públicas através de offshores.