Os cruzeiros marcados para este ano foram cancelados. A empresa já vendeu para a sucata um dos quatro navios da frota e, por isso, o futuro é incerto.
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A Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores do Mar está muito preocupada com o futuro da única empresa portuguesa de cruzeiros de mar. Dois anos depois da recuperação do histórico paquete Funchal, inaugurado pelo primeiro-ministro, este navio está parado, tal como outro barco da empresa com o nome de Porto. Um terceiro, o Lisboa, foi vendido para a sucata e apenas o quarto, o Azores, continua a navegar, fretado a uma empresa estrangeira.
José Teixeira, dirigente da federação de sindicatos, relata o que se passa na empresa e admite que é muito pouco. Na prática, apenas dois navios chegaram a fazer cruzeiros desde a criação da empresa Portuscale que, em 2013, comprou ao Montepio Geral os navios de um armador grego, falido, que tinha a última empresa de cruzeiros de mar a funcionar em Portugal.
O navio Lisboa, por exemplo, agora vendido para abate, ficou com as reparações a meio. O paquete Funchal, que fez várias viagens desde que foi recuperado em 2013, viu entretanto serem cancelados todos os cruzeiros marcados para este ano.
O sindicato lamenta as centenas de postos de trabalho que, afinal, não se criaram. José Teixeira recorda que chegaram a ter o sonho de ver recuperada uma parte importante dos cruzeiros marítimos portugueses, mas agora a esperança é muito pouca.
A empresa chegou a ter salários em atraso no final de 2014. O sindicato conta que a situação resolveu-se, mas garante que, da conversa que tiveram com o armador, perceberam que o futuro é incerto.
A TSF contactou a empresa de cruzeiros Portuscale que até ao momento não respondeu às questões colocadas. Luís Miguel Correia, especialista em história marítima portuguesa, acredita que esta empresa fez tudo o que podia. Contudo, o cenário era muito difícil pois as pequenas empresas de cruzeiros têm enormes dificuldades em concorrer com as grandes empresas internacionais que têm navios gigantes.
Não é por acaso, sublinha, que «ninguém quer estes navios antigos, há vários à venda e têm ido muitos para a sucata». Os paquetes da Portuscale são os últimos a navegar com bandeira portuguesa, mas, de uma forma ou de outra, Luís Miguel Correia acredita que o paquete Funchal irá continuar no mar. O investigador marítimo lamenta, no entanto, a falta de interesse das agências portuguesas de viagens que, diz, fizeram pouco para promover os cruzeiros no Funchal, preferindo apostar nos «meganavios» de cruzeiro.