Os parceiros sociais manifestaram-se favoráveis à intenção do Governo de promover a igualdade de género nas empresas, mas discordam da proposta que introduz quotas.
Corpo do artigo
"Para nós é uma questão que não pode ser por decreto. Deve atender-se a questões de mérito, de profissionalismo, e essa deve ser a primeira medida, a meritocracia, não pode ser por decreto", disse o presidente da Confederação Empresarial de Portugal - CIP, António Saraiva.
No entender do presidente da CIP, a preocupação deve ser a de "premiar o mérito e a competência, independentemente de género".
"O foco principal deve ser este e não é por decreto que estes temas devem ser tratados. O que estamos contra é que algumas destas matérias sejam por decreto e não podem ser por decreto, não são esses os critérios de aferição de competência", afirmou.
Também o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), Vieira Lopes, disse ser contra a introdução de quotas, uma vez que esta imposição será difícil de implementar nas pequenas, médias e micro empresas, considerando "o tecido empresarial real" em Portugal.
"Preferíamos que existissem incentivos e outras formas de dinamizar do que o estabelecimento de quotas e leis obrigatórias. Se o Governo decidir entrar por aí, então que numa primeira fase se aplique às grandes empresas com mais pessoas e Conselhos de Administração maiores", afirmou Vieira Lopes.
Já a CGTP, pela voz de João Torres, congratulou-se com a promoção da igualdade de género, mas discordou das quotas.
"Entendemos que pode ser uma medida positiva, temos receio é de que as quotas possam mascarar todo um conjunto de discriminações que existem na sociedade portuguesa, nomeadamente, nas empresas onde as mulheres têm salários mais baixos do que os homens, em média, de 18%, e têm dificuldade em conciliar a vida profissional com a familiar", considerou João Torres.
O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, disse, por seu turno, que "cabe ao Governo dar o pontapé de saída para a Administração Pública e para as empresas do Setor Empresarial do Estado (SEE) e implementar um combate às desigualdades, não só a nível salarial, mas no acesso a cargos de responsabilidade por parte das mulheres".
No final desta reunião, na qual o Governo apresentou a Agenda para a Igualdade, o ministro Adjunto, Eduardo Cabrita, referiu que "nas empresas cotadas em bolsa o objetivo é que até 2020 seja possível estabelecer um objetivo de um terço [de mulheres] nos órgãos de gestão das empresas cotadas, com um objetivo intermédio de 20% até 2018".