O líder social-democrata considera que a proposta de que seja o Ministro das Finanças a supervisionar o setor é "um passo atrás".
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Pedro Passos Coelho opõe-se ao reforço do papel do governo na supervisão financeira, que considerou "uma perversão e um passo atrás", garantindo que tal proposta não terá o apoio do partido.
No final de uma ação de campanha autárquica em Arcos de Valdevez, Passos Coelho fez questão de se referir ao relatório do grupo de trabalho para a reforma da supervisão financeira, apresentado na segunda-feira, que defende o reforço da intervenção do ministro das Finanças na supervisão do setor financeiro, tendo o governo a última palavra relativamente a soluções que tenham impacto nas contas públicas.
"Se o que queremos é reforçar a independência dos supervisores, depois não podemos fazer um Conselho de Supervisores onde está o governo", afirmou Passos Coelho.
Questionado se o Governo poderá ter o apoio dos sociais-democratas, se avançar com a proposta, Passos foi claro: "Não, não pode ter, porque isso é uma perversão, um passo atrás, um desacerto em relação ao que se passa na União Europeia, onde o caminho que se faz é até o inverso, criar mecanismos de supervisão independentes dos Governos".
Passos Coelho sugeriu que este tipo de alterações pode ter a ver com o facto de os partidos que apoiam o Governo terem "menos apreço" pelo atual Governador do Banco de Portugal, mas aconselhou o executivo a tomar outro caminho, se quiser de facto ter o apoio dos sociais-democratas.
"Vai ser mais uma espécie de teste ácido para ver se a conversa sobre consensos é apenas conversa", disse.
Passos Coelho lembrou que o PSD já apresentou iniciativas nesta matéria e até concordou com a necessidade de reforço de mecanismos de coordenação entre supervisores.
"Achamos até interessante reforçar a independência dos reguladores, por exemplo da nomeação feita a partir do Presidente da República, não nos opomos a essa questão, mas implica revisão constitucional", disse.
O relatório apresentado no Ministério das Finanças prevê a criação do Conselho Superior de Política Financeira, que seria presidido pelo próprio Ministro das Finanças e atuaria "como garante da necessária articulação e cooperação entre todas as entidades a quem cabe a missão de assegurar a estabilidade financeira do país (Governo, Banco Central e Supervisores)".