O primeiro-ministro reiterou a opção do Governo pela privatização, considerando que uma capitalização, possível «em teoria», não garante a viabilidade da empresa a longo prazo. Passos Coelho afirmou ainda que o PS renega agora um dos compromissos que o executivo Sócrates assumiu com a troika ao prever a privatização total da TAP.
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«Se deixarmos tudo como está a TAP vai desaparecer. Se deixarmos tudo como está, a empresa estratégica, até para o turismo nacional, para as nossas ligações à lusofonia e por aí fora, tudo isso vai desaparecer», afirmou Pedro Passos Coelho.
O primeiro-ministro respondia no debate quinzenal no parlamento a um pedido de esclarecimento do líder da bancada do CDS-PP. Entre o cenário de uma capitalização da empresa e a privatização, Passos Coelho disse que o Governo está convicto de que a privatização é a melhor solução e a que garante a viabilização futura da empresa.
«Estamos convencidos de que há condições para poder fazer uma privatização da TAP em condições que assegurem os interesses estratégicos que a companhia tem para Portugal e viabilizem a própria companhia», afirmou, sublinhando que essa opção não é uma novidade porque estava prevista desde o início do programa de assistência económica e financeira.
O primeiro-ministro considerou que a TAP pode ser «perfeitamente viável» desde que haja condições para a «capitalizar convenientemente» mas não através de «despedimentos coletivos» ou de «diminuir o tamanho da empresa».
Passos Coelho referiu-se às declarações da comissária europeia da Concorrência, Margrethe Vestager, que afirmou, ao ser questionada sobre a TAP, que a capitalização de uma companhia aérea pelo Estado é sempre uma matéria «delicada», mas que há «possibilidades».
Passos Coelho frisou que a comissária respondeu «o que se pode responder em abstrato», frisando que «é sempre possível, em teoria» considerar a hipótese de «auxílios de Estado». «É sempre possível, em teoria», reiterou, considerando no entanto que essa opção levaria a TAP a uma situação idêntica à da companhia italiana Alitália, que sofreu uma reestruturação profunda, com despedimentos coletivos e que acabou por ser reduzida.
O primeiro-ministro afirmou ainda que o PS renega agora um dos compromissos que o executivo Sócrates assumiu com a troika ao prever a privatização total da TAP.
«A privatização da TAP, que o dr.António Costa tanto critica hoje, era um dos objetivos inscritos no memorando de entendimento [com a troika]. Era uma privatização da TAP a 100 por cento, veja-se até onde ia o neoliberalismo» em maio de 2011, declarou, recebendo uma prolongada salva de palmas.