O PCP estima que o "buraco" financeiro do BPN represente um encargo no défice deste ano de 600 milhões de euros, mais 100 milhões de euros do que a perspetiva do Governo.
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Este cálculo foi apresentado pelo deputado comunista Honório Novo na última reunião da comissão parlamentar de inquérito sobre a nacionalização e reprivatização do BPN.
Tal como a estimativa do Governo, também a proposta de conclusões da comissão de inquérito do BPN, da autoria do deputado do PSD Duarte Pacheco, prevê que o "buraco" financeiro do banco representa um encargo suplementar de cerca de 500 milhões de euros este ano em termos de défice, montante resultante da soma dos juros (265 milhões de euros) com «contingências» (236 milhões de euros).
No entanto, Honório Novo considerou que este valor «é não compatível, no que respeita aos juros, com a execução orçamental em curso» em 2012.
Pegando no boletim de execução orçamental de agosto passado, reproduzido na documentação da Unidade Técnica de Apoio orçamental (UTAO), o deputado do PCP referiu que as sociedades veículos para a reestruturação do BPN «continuam sem reportar a respetiva execução orçamental», sendo a dotação destas entidades relativa a juros «de 323 milhões de euros».
«Isto significa que se forem executados os 323 milhões de euros fica-se 90 milhões de euros acima faca ao valor inscrito na proposta de conclusões da comissão de inquérito», apontou.
Ou seja, para o deputado do PCP, no decurso da execução orçamental, «o valor pode chegar perto de 600 milhões de euros».
A proposta de conclusões da comissão de inquérito sobre o BPN estima que o encargo líquido para os contribuintes será de 3,4 mil milhões de euros até dezembro deste ano.
Este valor, também de acordo com o mesmo documento em análise na Assembleia da República, poderá aumentar ainda mais nos próximos anos e, num plano meramente teórico, até poderá atingir um limite de 6,5 mil milhões de euros.