BE admite votar a favor e PS também, se proposta criticar regra do BCE e não for "condenação de uma pessoa". CDS e PSD criticam Constâncio. PSD acusa-o de "fugir com o rabo à seringa".
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O PS admite viabilizar o voto de protesto do PCP se a proposta for no sentido de criticar a existência da regra "antidemocrática" invocada pelo vice presidente do Banco Central Europeu (BCE) para não prestar depoimento na Comissão de Inquérito ao caso BANIF. Mas "se for uma condenação de uma pessoa que está ao abrigo dessa regra, não acompanharemos", diz João Galamba.
Numa crítica ao PSD, o deputado do PS diz que não se podem confundir "impedimentos institucionais com recusas pessoais" e acusa os social democratas de serem "mais exigentes com um ex-governador do que com o atual". Galamba estranha ainda que o PSD "não mostre o mesmo empenho em ouvir Vítor Gaspar que, esse sim, teve uma participação ativa em todo o processo".
O Bloco de Esquerda também admite votar a favor da proposta comunista e Mariana Mortágua considera que o Parlamento deve "tirar lições" da recusa de Vítor Constâncio, porque " o BCE contribuiu para esta solução (resolução do BANIF), houve uma blindagem das instituições europeias e depois dizem não temos nada a ver com isso", acusa a deputada bloquista.
O PCP vai entregar um voto de protesto contra pelo facto de Vítor Constâncio invocar uma norma do Banco Central Europeu (BCE) para não responder às dúvidas do Parlamento português, sobre o Banif.
Miguel Tiago, deputado do PCP, considera que "não é aceitável" que essa norma "impeça um cidadão português de prestar esclarecimentos e funcione como um biombo atrás do qual se escondem crimes do sistema financeiro".
Depois de Vítor Constâncio ter alegado que não pode participar nos trabalhos da comissão porque o BCE responde perante o Parlamento Europeu, o PCP sublinha que "como cidadão português", Constâncio está obrigado a responder, podendo incorrer, caso não o faça, num crime de desobediência.
"O que a lei diz é que a pessoa tem de prestar depoimento perante comissões de inquérito e não diz lá `excepto se estiver no Banco Central". Não dizendo isso não nos parece que haja cobertura legal para que um cidadão português possa dizer que não quer prestar depoimento",diz Miguel Tiago.
O PCP vai formalizar a entrega deste voto de protesto e espera que o Parlamento português possa dar "um sinal" ao BCE, a votação deverá ocorrer na próxima sexta-feira.
A recusa de Vítor Constâncio merece também muitas críticas à direita.
Em declarações à TSF, o deputado do CDS João Almeida diz que Vítor Constâncio não tem o direito de escolher quais são as questões sobre as quais quer falar" e que "os cidadãos nacionais têm a obrigação de responder perante as comissões parlamentares de inquérito quando para isso são convocados.
O CDS insiste na necessidade de esclarecer se Vítor Constâncio fez "pressão eventual para que a Comissão Europeia flexibilizasse a posição e aceitasse a proposta do Santander" questão que, na opinião de João Almeida, não tem a ver com o estatuto de Constâncio enquanto vice-presidente do BCE.
Já o PSD acusa Vítor Constâncio de querer "fugir com o rabo à seringa da democracia". O deputado Carlos Abreu Amorim considera que o vice-presidente do BCE "usa e abusa de qualquer pretexto formal para se eximir ao escrutínio, quando deveria ser o próprio a pedir para vir cá esclarecer o seu papel".
Na leitura do PSD, "depoimento após depoimento, documento atrás de documento, está o doutor Vítor Constâncio no caso Banif a ganhar uma centralidade preocupante que levanta muitas dúvidas e inquietações".