O deputado do PCP Miguel Tiago considerou hoje que o relatório do FMI sobre a 10ª avaliação do programa de assistência financeira comprova os «alertas» dos comunistas sobre a intenção de tornar permanentes as medidas de austeridade.
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«A verdade é que todas as medidas de austeridade, o ataque aos trabalhadores, a flexibilização das relações laborais, a fragilização dos vínculos, o corte nas pensões, tudo isso tem de prosseguir e agora já é descrito como medidas permanentes de redução de despesa», criticou o deputado do PCP Miguel Tiago, em declarações aos jornalistas, no Parlamento.
O deputado disse que «algumas ténues flutuações nos indicadores económicos nacionais que são ainda impossíveis de utilizar como conclusão».
Miguel Tiago considerou que o Governo português «continua a mostrar grande servilismo» ao Fundo Monetário Internacional que disse estar «bem patente na Carta de Intenção» assinada pelo vice-primeiro-ministro e pela ministra das Finanças.
«A `troika" continua a demonstrar que este caminho de roubo e de redução das funções sociais do Estado é o caminho que satisfaz os mercados e mesmo assim os mercados continuam a alimentar uma dívida que o país não tem condições, mesmo com todas estas medidas, de tornar sustentável», afirmou.
O deputado comunista destacou que a política seguida pelo governo resultou na diminuição dos «custos do trabalho em 4,5 por cento» e no aumento dos «lucros das empresas em 6 por cento».
«A ideia de que o país está a atravessar uma fase em que pode respirar é falsa se continuarem estas políticas», defendeu, frisando que agora a `troika" e o governo «acrescentam algo que até aqui não tinham coragem de dizer, que estas medidas são permanentes».
De acordo com a Carta de Intenção assinada pelo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e pelo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa - que foi hoje divulgada pelo FMI juntamente com o relatório à décima avaliação do resgate português - o Governo diz que «está a desenvolver novas medidas abrangentes como parte da reforma estrutural das pensões em curso», depois do chumbo Tribunal Constitucional ao chamado regime de convergência de pensões.