O pedido de ajuda internacional a Bruxelas e ao FMI tornou-se «inevitável» com a persistência dos desequilíbrios a nível nacional e do agravamento das tensões nos mercados de dívida, considera o Banco de Portugal.
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«Por um lado, a persistência de um défice orçamental muito elevado, designadamente em termos estruturais. Por outro lado, a manutenção de elevadas necessidades líquidas de financiamento da economia, ainda que em ligeira diminuição face ao ano anterior. Estes dois factores, conjugados com a persistência de um baixo crescimento tendencial da economia, contribuíram para avolumar as dúvidas dos investidores internacionais sobre a sustentabilidade das finanças públicas e sobre a dinâmica intemporal da dívida externa», explica o Banco de Portugal.
A instituição liderada por Carlos Costa diz então que estas dúvidas, juntamente «com o agravamento generalizado das tensões nos mercados de dívida soberana» registado no final do ano passado e início deste ano, «acabaram por tornar inevitável o pedido de assistência internacional».
O Banco de Portugal considera ainda que «o esforço de consolidação orçamental ao longo de 2010 revelou-se claramente insuficiente» face à dimensão do desequilíbrio das contas públicas portuguesas, sublinhando que o rácio de dívida pública face ao Produto Interno Bruto (PIB) «cresceu significativamente, atingindo um nível historicamente elevado».
Apesar dos desequilíbrios, o supervisor diz que a política orçamental «foi ligeiramente restritiva», invertendo a «tendência expansionista» que tinha sido iniciada em 2008".
Quanto ao crescimento económico de 1,3 por cento registado em 2010, o Banco de Portugal, tal como a Comissão Europeia já havia sublinhado na semana passada, refere que este crescimento foi influenciado por factores extraordinários e que não se irão repetir, como a antecipação de compras devido ao anúncio de aumento de impostos.