Pedro Nuno Santos tem 47 anos, é natural de São João da Madeira, fez-se economista, liderou a Juventude Socialista, foi e é deputado, foi ministro de António Costa, conquistou o partido, mas não conquistou o país... "Ainda!", interrompe o entrevistado desta semana na Grande Entrevista TSF-JN.
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Desde março que mantém um debate umas vezes visível, outras vezes discreto sobre a viabilização do Orçamento do Estado de 2025. Ao dia de hoje, o PS está mais perto ou mais longe de viabilizar o Orçamento do Estado para o próximo ano?
Como sabe, o Partido Socialista e o Governo não chegaram a acordo e, portanto, dentro de algum tempo eu terei oportunidade de anunciar aquela que é a proposta que farei à Comissão Política Nacional e, portanto, eu não queria nesta fase estar a dizer como é que nós vamos votar o Orçamento do Estado. Chegará esse momento.
É desta forma que começa a Grande Entrevista TSF-JN, com Pedro Nuno Santos, que garante ter o partido com ele, apesar de reconhecer que mesmo os mais próximos estão divididos entre viabilizar ou chumbar na generalidade o Orçamento do Estado, apresentado pelo Governo na última semana.
Pedro Nuno Santos lembra que o Governo não respeitou as linhas vermelhas fixadas pelo Partido Socialista, nem acolheu propostas de utilização de receitas “destinadas à habitação para os mais jovens ou residências estudantis, a um aumento permanente das pensões ou uma verba para promover um regime de exclusividade dos médicos no SNS”. O líder socialista sublinha que estas “três medidas mostram quais são as prioridades e nenhuma delas tem tradução” na proposta de Orçamento do Estado apresentada pelo Governo.
Nesse sentido, Pedro Nuno Santos acentua que "este não é nem nunca será o Orçamento do Estado [do PS], porque na realidade o Orçamento do Estado é a tradução financeira de uma política" com a qual o partido não concordou. O secretário-geral do Partido Socialista afasta a classificação de Orçamento “centrista” e define o Orçamento como um documento que “claramente suporta uma política que seria a política esperada por parte de qualquer governo de direita, porque traduz uma política que prevê a retirada do Estado de uma parte considerável de áreas de intervenção política”. Dá, a este propósito, dois exemplos: o SNS e a RTP.
O líder socialista explica que o PS não tem de governar e está “tranquilamente na oposição”, porque é preciso “aprender com aquilo que correu bem, aprender com aquilo que correu mal, sobretudo, conseguir trazer novas respostas para o país". E complementa: "Nós temos a certeza, a profunda convicção que infelizmente as soluções que este Governo tem para os problemas do país não tirarão Portugal das dificuldades que tem”.
Sobre as notícias e as assumidas divisões internas quanto à estratégia de negociação da viabilização do Orçamento, Pedro Nuno Santos garante que "a esmagadora maioria do Partido Socialista está com a direção nacional e com o secretário-geral do PS". Mas admite que sendo “o secretário-geral de todos os militantes”, tem “pessoas próximas que defendem a viabilização e outros que defendem o chumbo”. Considera esse facto “normal no partido, que é um partido enorme, com uma grande pluralidade de opiniões” e que “o que seria de estranhar era que no Partido Socialista todos os militantes pensassem da mesma forma”.
Questionado sobre os riscos de crise política, em caso de chumbo orçamental, ou de ficar amarrado à governação, em caso de viabilização, Pedro Nuno Santos reconhece que o segundo cenário levanta preocupações. "Um acordo parlamentar com o PSD seria muito negativo para o papel que os dois partidos devem ter na democracia", considera. “Neste quadro”, continua Pedro Nuno Santos, “em que o Partido Socialista é a principal alternativa ao PSD, esse papel deve ser preservado". "Nós não podemos deixar esse campo aberto ao Chega e seria desastroso para a nossa democracia”, afirma. O líder do PS remata que “a bipolarização política tem de ser entre o PS e o PSD, não entre o Chega e o PS/PSD”.
Sobre as eleições autárquicas do próximo ano, Pedro Nuno Santos ambiciona que o PS quer “continuar a ser a primeira força política autárquica do país e obviamente que isso é uma prioridade”. Sobre a corrida em Lisboa, Pedro Nuno Santos garante que quase todos os dias ouve pessoas a queixarem-se do presidente da Câmara Municipal de Lisboa e que não ouviu "nenhum cidadão a dizer: 'nós temos um bom presidente de Câmara'". Pedro Nuno Santos lembra que vive e trabalha em Lisboa, que a cidade está “intransitável, muito mais suja e não tem uma marca que se possa dizer de Carlos Moedas em Lisboa”. Nesse sentido, acrescenta que é muito possível o PS conseguir “ter uma mudança que permita dar um destino e um futuro de desenvolvimento e de coesão social a Lisboa, que objetivamente Carlos Moedas não tem conseguido”. Se essa candidatura será só com o PS ou em aliança com outros partidos, mesmo sabendo que o PCP já anunciou a candidatura de João Ferreira, Pedro Nuno Santos limita-se a dizer que “é um trabalho para se fazer”, mas que “é bom, se se conseguir construir uma aliança alargada, e dá mais força à candidatura”.
No Porto, Pedro Nuno Santos assume a convicção de o PS “vencer a Câmara Municipal do Porto”, e que “tem boas alternativas para disputar a Câmara Municipal do Porto, num momento que há um ciclo político que termina".
"Obviamente que é uma oportunidade para nós podermos trazer um novo projeto à cidade do Porto e acho que nós conseguiremos estar à altura dos portuenses”, antevê.
O líder socialista entende que “as autárquicas ganham-se” conquistando “mais câmaras e mais votos, e mais freguesias”, mas também diz que quer ganhar mais, tentar “alargar o próprio resultado, nomeadamente em autarquias grandes”.
Para as presidenciais, Pedro Nuno Santos insiste que o candidato socialista será “da área política do PS” porque “há várias eleições que o PS não apoia de forma unida um candidato”. O secretário-geral do PS considera “essencial”, porque o PS já teve "os melhores Presidentes da República, quando deu ao país Mário Soares e Jorge Sampaio" e que, por isso, “tem a obrigação de dar um novo grande Presidente da República ao país”.
Confrontado com nomes como o de António José Seguro, que o líder socialista já admitiu como bom candidato, Pedro Nuno Santos limita-se a dizer que o PS apoiará um candidato e que, até agora, não recebeu nenhuma manifestação de disponibilidade.
Pedro Nuno Santos acredita que será primeiro-ministro. Pelo menos, “é para isso que trabalha”. Seja daqui a quatro anos, ou quando acontecer, “o PS está sempre preparado”.
