
Para o presidente da AICEP mudar de rumo agora seria trágico para o país. Pedro Reis acredita que as exportações vão crescer e que o investimento vai voltar.
Corpo do artigo
O presidente da AICEP - a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal - diz que se o processo de ajustamento fosse interrompido isso «seria uma tragédia para o país». «Seria deitar a perder todos os sacrifícios que os portugueses fizeram e sacrificar o futuro durante décadas, se as políticas mudassem agora», afirma Pedro Reis.
Para o presidente da AICEP é natural que os portugueses ainda não sintam os sinais da retoma, mas defende que a seu tempo isso vai acontecer, a menos que haja uma alteração de rumo com custos muito elevados.
Apesar de tudo, Pedro Reis acredita que não há grande margem para mudar as políticas. «Eu acredito que não se possa despistar o processo de consolidação», diz o ainda presidente da AICEP que lembra os fardos que o país ainda vai ter de carregar: «temos uma mochila que vamos carregar durante muito tempo que é a dívida pública» e o problema do desemprego que também vai demorar tempo a resolver. «Isso obriga-nos a cumprir com determinados princípios básicos das finanças públicas e do ajustamento e do reequilíbrio orçamental e externo o que não dá grande margem», acrescenta.
Saída da AICEP
Pedro Reis diz que deixa a AICEP com tranquilidade e o sentimento de dever cumprido. «Vejo com agrado a motivação da casa, vejo com resultado o resultado das exportações (que foram mérito das empresas) , vejo com agrado o retomar do crescimento do país e da agenda do investimento (...) e para mim guardo, fazendo a ponderação, alguns aspetos pessoais», afirma.
Questionado sobre se será previsível que venha a aceitar um lugar na administração pública, mantendo o primeiro-ministro pressão sobre os salários do Estado, Pedro Reis responde: «seja qual for a situação que se apresente que tenha os mesmos condicionalismos ou constrangimentos que contribuíram para a decisão na AICEP eles mantêm-se válidos».
Pedro Reis não revela se vai ou não dirigir o banco de fomento (como foi noticiado pelo Jornal de Negócios) mas não nega que tenha sido convidado.
No programa Tudo é Economia, da TSF e do Dinheiro Vivo, quando questionado sobre esse assunto apenas afirmou: « é uma resposta de silêncio».
Quanto ao papel que a instituição financeira de desenvolvimento pode vir a ter, o presidente da AICEP diz ser muito importante. «O banco de fomento terá cumprido o seu papel se tiver conseguido aumentar o financiamento a médio longo prazo e, nomeadamente, a maturidades de 10/15 anos, e se tiver conseguido que as empresas portuguesa tenham acesso a crédito com spreads mais baixos, com carências de capital mais estendidas, com prazos mais longos nos seus empréstimos e mais flexíveis nas garantias que apresentam para recorrerem a esses créditos», afirma.
O comboio das exportações está no início do caminho
O Presidente da AICEP acredita que o comboio das exportações ainda vai no início do caminho e não tem dúvidas de que as empresas vão conseguir exportar cada vez mais. «Há novos mercados onde nós estamos neste momento a começar a entrar em maior profundidade, por exemplo os países do Golfo, a Colômbia e o Perú, o México, a China (...) o comboio das exportações, sinceramente eu ainda acho que vai no começo do caminho apesar de já ter dado um salto ao passar de 28% do nosso PIB para 41% este ano», diz Pedro Reis.
Para o ainda presidente da AICEP há ainda muito caminho a fazer e margem para o crescimento das exportações. Razão pela qual Pedro Reis não concorda com as dúvidas do Fundo Monetário Internacional em relação à sustentabilidade das exportações.
No relatório da 10ª avaliação do programa de ajustamento, um dos problemas levantados pelos técnicos do Fundo foi o facto do ajustamento externo da economia portuguesa depender muito da exportação de combustíveis. Pedro Reis desvaloriza e defende que há outros sectores em franco crescimento.
Nova vaga de investimentos
Pedro Reis acredita numa nova vaga de grandes investimentos. Na entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, o presidente da AICEP diz que a agência tem identificado intenções de investimento em Portugal. Pedro Reis diz que há empresas estrangeiras a querer tirar partido de algumas vantagens do mercado português. « Nós hoje somos muito mais atrativos para o investimento do que éramos aqui há 3 , 4, 5 anos», sublinha.