"Perspetiva boa para Portugal": associação quer ver "materializada" proposta da UE para a pesca
No que diz respeito às capturas de goraz, nos Açores, é proposto um corte de 35%, das atuais 600 toneladas para 399. O líder da Associação de Armadores da Pesca Industrial aponta na TSF que esta medida é vista com preocupação, até porque terá um "impacto muito forte na economia das ilhas"
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A Associação de Armadores da Pesca Industrial congratulou-se, esta segunda-feira, com a proposta do executivo comunitário para as possibilidades de pesca para 2025, sobretudo, no que diz respeito ao aumento nas capturas de tamboril e areeiro.
A 31 de outubro, o executivo comunitário divulgou a proposta de possibilidades de pesca para 2025, que inclui um aumento de 17% nas capturas de tamboril, de 23% nas de areeiro e de 5% nas de carapau, em águas nacionais e manter as da pescada em águas ibéricas.
Em declarações à TSF, o líder da associação, Pedro Jorge, garante que esta é "uma belíssima notícia", dando especial importância ao "padrão de aumento, muito significativo, no caso do tamboril e areeiro". Para as restantes espécies, apesar de não reconhecer a necessidade de uma valorização, aponta que "é sempre melhor um aumento do que reduções".
"No do carapau, não é tão importante porque já temos um tac [totais admissíveis de capturas] aprovado bastante elevado e que não conseguimos esgotar, portanto, ficamos sempre aquém daquilo que nos está consentido. Na pescada, era bom que se conseguisse um ligeiro aumento, mas mantendo o statu quo já não é mau", explica.
Pedro Jorge fala, por isso, "num cenário simpático" apresentado pelo executivo comunitário, revelando ter o desejo de que esta proposta venha a ser "materializada".
"Estamos numa área cinzenta: não sabemos qual é a comissão, se a atual comissão vai aprovar, se já será nova. O que está em cima da mesa é uma perspetiva boa para Portugal", defende.
No que diz respeito às capturas de goraz, nos Açores, é proposto um corte de 35%, das atuais 600 toneladas para 399. Para o presidente da associação, esta medida é vista com preocupação, até porque terá um "impacto muito forte na economia das ilhas".
"Quando me diz que há uma redução significativa nos Açores, tenho quase a certeza absoluta - como disse, não representamos a pesca dos Açores -, que vai ter um impacto muito forte na economia das ilhas. Esse é um lado negativo, porque é uma espécie altamente valorizada e que abala muito a economia das embarcações que, em parte, estarão dependentes dessa captura", afirma.
No continente, acrescenta, a pesca do goraz "terminou a meio do ano", sendo que o Estado português conseguiu, depois, uma negociação com Espanha, tendo assegurado uma "permuta" que permitiu a captura de "mais algumas quantidades de goraz", garantindo-a até "ao final do ano".
"De qualquer forma, é sempre uma situação muito frágil estar a dependente de trocas com outros Estados-membros", lamenta.
Os ministros da Agricultura e Pescas da União Europeia (UE) reúnem-se esta segunda-feira, em Bruxelas, com um primeiro debate sobre as possibilidades de pesca para 2025 na agenda.
Os pareceres da Comissão são baseados em dados científicos dos estados das unidades populacionais (stocks) e a decisão final será tomada na reunião dos ministros da tutela, em dezembro.
Portugal estará representado pelo ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, e a secretária de Estado das Pescas, Cláudia Monteiro de Aguiar.