Setor da pesca do polvo reuniu com a Secretaria de Estado das Pescas e pediu uma paragem biológica e subsídios. Governo considera que não há falta de polvo, estão é a pescar demasiado e tamanhos abaixo dos permitidos por lei.
Corpo do artigo
Humberto Gomes está junto à lota da Fuzeta. Ali transaciona-se sobretudo polvo. Mas nos últimos tempos as capturas têm caído a pique."Este ano tem sido o descalabro, a pesca do polvo caiu à vontade cerca de 70%", afirma.
O dirigente da Associação de Armadores de Pesca da Fuzeta admite que a situação se deve ao número de embarcações que andam à pesca do polvo.
Também Vítor Martins, outro pescador que se encontra à beira do cais, considera que o esforço de pesca é demasiado." É muita embarcação ao polvo, é tudo ao mesmo", lamenta, salientando que além das embarcações que anteriormente andavam à pesca da pescada e agora se viraram para a apanha de polvo, o problema é também as artes que são usadas.
Muitos pescadores explicam que os covos, as armadilhas feitas de rede, acabam por prejudicar a pesca. E defendem a utilização de alcatruzes, uma espécie de potes onde o polvo pode sair se não tiver o tamanho adequado.
TSF\audio\2018\05\noticias\07\07mai_maria_a_casaca
Também de acordo com Eufémio Graça, outro pescador, a quantidade de artes usadas dá igualmente cabo da espécie.
Segundo alguns pescadores ouvidos pela TSF, não há fiscalização eficaz. No entanto, eles próprios continuam a utilizar mais artes do que deviam.
Confessam também que pescam polvo com tamanho ilegal. "O polvo é uma espécie que valorizou muito e até o polvo sem medida é pago a 5 euros. Ora, ninguém deita fora polvo a 5 euros", diz Humberto Gomes, argumentando que " o pescador tem que sobreviver".
Várias Associações de pescadores e armadores do Algarve já foram a Lisboa, à Secretaria de Estado das Pescas, pedir que se faça uma paragem biológica, um defeso para a espécie .E também subsídios para esse tempo de paragem.
No entanto, o secretário de Estado das Pescas argumenta que "não há nenhum problema biológico com o polvo, há sim a captura de tamanhos imaturos e um excesso de artes". José Apolinário apela por isso a que haja autorregulação do setor.
TSF\audio\2018\05\noticias\07\07maio_jose_apolinario
Vítor Martins, que diariamente sai para o mar para tentar a sorte na sua embarcação, lamenta toda a situação porque está a passar a pesca do polvo. "O que mantém isto é o preço, Ainda hoje lancei 800 alcatruzes e nem um polvo apanhei".