O secretário de Estado das Infraestruturas garantiu, no Fórum TSF, que o Estado não interfere nas decisões "de curto prazo" da administração da TAP. A companhia aérea reafirma que não haverá mais voos cancelados.
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O governante admite que o cancelamento de rotas entre o Porto e algumas cidades europeias obedece a "uma lógica de mercado", mas foi decidido de acordo com um "estudo prévio feito por conhecedores" do setor. Por isso, a importância do aeroporto Francisco Sá Carneiro não está em questão.
Guilherme W. D'Oliveira Martins assegura que se trata de "decisões de curto prazo" que implicam também uma "recomposição das rotas" e nas quais o Estado não tem qualquer tipo de interferência.
A TAP anunciou que, a partir do final de Março, vai suprimir quatro ligações entre o Porto e Bruxelas, Roma, Milão e Barcelona; além disso, está também previsto o fim da ligação noturna ao aeroporto de Gatwick, em Londres.
Decisões que levaram Rui Moreira, o presidente da câmara do Porto, a acusar o governo de desinvestir na cidade e prejudicar o norte. Durante a reunião de câmara desta quarta-feira, o autarca considerou que se trata de "um insulto" ao Porto e de uma "tentativa de destruir o aeroporto Francisco Sá Carneiro".
Além disso, "é uma tentativa de esgotar a capacidade do aeroporto de Lisboa, fazendo um novo aeroporto". Na teoria do autarca portuense, a partir daí, estaria encontrado o pretexto para uma série de novos investimentos, como a construção da terceira ponte sobre o Tejo ou o TGV.
No Fórum TSF, Guilherme W. D'Oliveira Martins recusa "comentar aprofundadamente" as acusações de Rui Moreira, mas sublinha que prefere ver a questão "mais do ponto de vista nacional".
Nesse sentido, o governante volta a garantir que "o Porto mantêm-se como uma base estratégica relevante" e assegura que o importante é assegurar que "a TAP sirva os portugueses, quer sejam de Lisboa, quer do Porto".
Sobre as vozes que defende um boicote aos voos da TAP no Porto, o secretário de Estado das Infraestruturas admite alguma preocupação, mas mostra-se confiante em que será possível "fortalecer a marca TAP", uma empresa com "uma importância muito relevante para a economia portuguesa".
Voos suprimidos davam prejuízo
No Fórum TSF, o porta-voz da TAP assumiu que as rotas suprimidas "não eram rentáveis". André Soares afirmou que "foram feitos estudos confirmaram que tinha operação deficitária", explicando que "a grande ocupação dos voos não é suficiente para garantir a sua rentabilidade".
Essa garantia exige uma ponderação entre os custos e a ocupação, obrigando a que esta, em teoria, seja "superior a 100%, o que é uma impossibilidade".
André Soares garante que a TAP não tem tido qualquer tipo de interferência no debate político, mas tem dado todos os esclarecimentos a todas as associações representativas do Porto e do norte, bom como à câmara municipal portuense, com números que fundamentam a decisão de anular rotas.
O porta-voz da companhia aérea garantiu ainda que não está previsto o cancelamento de qualquer outro voo a partir do Porto. Tudo o resto é "puramente especulativo".
Pedro Marques, o ministro do Planeamento e Infraestruturas, explica esta tarde, em debate de urgência no Parlamento, o negócio que permitiu ao Estado recuperar 50% do capital da TAP.