Portos e comboios devem ser as duas grandes apostas de investimentos nacionais para os próximos anos. É a conclusão do grupo de trabalho a quem o Governo encomendou um estudo sobre onde devem ser feitos os investimentos em infra-estruturas até ao final da década.
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O estudo, a que a TSF teve acesso, aponta vários projetos prioritários. Quase metade da fatia do investimento disponível vai para as estruturas ferroviárias.
Por exemplo, está prevista a modernização da Linha da Beira Alta, ou seja, o corredor entre Aveiro e Vilar Formoso, permitindo a circulação de passageiros, mas principalmente mercadorias, com a respetiva ligação a Espanha.
A ideia é abrir corredores estratégicos internacionais. Sugere-se também a conclusão do Plano de Modernização das Linhas do Norte, do Minho e do Oeste.
Dos cerca de cinco mil milhões disponíveis até ao final da década, 2 mil e 800 milhões de euros vão ser investidos na ferrovia, ou seja, 55% do total.
O segundo maior investimento é para as estruturas marítimo-portuárias com quase 30% do investimento a ser aplicado, o que faz um valor total de mil e 500 milhões de euros.
Neste setor, a expansão do porto de Sines, do Terminal XXI, é considerado um dos investimentos que maiores benefícios pode trazer ao país, mas a aposta no setor marítimo-portuário inclui também um reforço de investimentos em Lisboa e Leixões.
No caso de Leixões, propõe-se a ampliação do terminal de contentores sul, e para o porto de Lisboa, estes peritos sugerem a construção de um novo terminal "deep sea", de águas profundas.
No setor rodoviário, está prevista uma única obra de vulto: a conclusão do túnel do Marão. Aliás, o primeiro-ministro, há cerca de duas semanas, anunciou que as obras devem recomeçar nos próximos meses.
Finalmente, no setor aeroportuário, a hipótese da construção do aeroporto de Alcochete desaparece totalmente. O relatório recomenda apenas a construção de um novo terminal de carga no Aeroporto de Lisboa.
Lê-se no relatório que foi entregue ontem a Pedro Passos Coelho que todos investimentos devem aumentar a competitividade da economia nacional e do tecido empresarial; devem promover a coesão territorial; e não podem endividar o Estado por várias décadas.
Em declarações à TSF, o coordenador do grupo de trabalho que realizou o relatório, José Eduardo Carvalho, o também presidente da AIP, assinala uma mudança de paradigma: a proposta para o investimento em infraestruturas até 2020 corta em obras que não fazem falta ao país.
O relatório foi realizado por um grupo de trabalho que reuniu 18 entidades e mais de 50 pessoas dos setores público e privado.
Ouvido no Fórum TSF, Ferraz da Costa, aplaude a estratégia de apostar nas infra-estruturas ferroviárias e nos portos marítimos. O presidente do Fórum para a Competitividade diz que já é tempo de corrigir os erros das últimas décadas.
Ferraz da Costa regista ainda com satisfação que todos os interessados tenham sido escutados neste trabalho encomendado pelo Governo.