O antigo primeiro-ministro foi, esta manhã, muito crítico em relação à presença da troika em Portugal, considerando que é demasiado opaca, tem falta de autoridade, uma superioridade injustificável.
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Numa conferência na reitoria da Universidade de Lisboa, Pedro Santana Lopes considetrou que avaliar a troika é um acto de cidadania patriótico.
O antigo primeiro-ministro detecta falhas graves no grupo constituído pela Comissão Europeia, BCE e FMI, desde logo por falta de autoridade. «Porque é que tanta inteligência junta deu numa tão grande estupidez colectiva. Como é que foi possível que o resultado, neste caso, seja tão inferior à soma das partes», questionou.
«É dificilmente compreensível que tanta instituição financeira, tanto ministério das finanças, tanta instituição europeia, tenham sido incapazes de prever aquilo que veio a acontecer», afirmou.
Falta de autoridade e de consistência, diz Santana Lopes, acrescentando que parece que ninguém sabe muito bem o que anda a fazer.
O antigo primeiro-ministro denunciou ainda que, além de falta de autoridade da troika, há uma superioridade injustificável e muito opacidade no processo.
«Quem foi a equipa portuguesa que assessorou a troika para todo o trabalho absolutamente detalhado que fizeram em todo o rol de medidas que foi apresentado à sociedade portuguesa. Um dia há-de se saber. É extraordinária esta capacidade de minudência, devem ser providos de um dom que lhes concede uma superioridade que eu não consigo compreender», contestou Santana Lopes.
Para caracterizar a presença da troika em Portugal, o antigo chefe de Governo revisitou a história de Portugal: «Temos de assumir colectivamente que esta é, provavelmente, deste o ultimato inglês, a situação mais vexatória para a soberania nacional», declarou.