Francisco Louçã defendeu, no espaço de comentário da TSF "A Opinião", que Portugal tem de apostar mais na prevenção dos incêndios e na promoção de uma economia sustentável no interior do país.
Corpo do artigo
Francisco Louçã considera que os incêndios em Portugal são uma "catástrofe europeia". O antigo líder do Bloco de Esquerda afirmou esta sexta-feira, na TSF, que em território português "ardeu mais de metade da área ardida em toda a Europa".
TSF\audio\2017\10\noticias\20\francisco_louca_bruto
O economista acredita que há um "problema de estrutura" em relação os incêndios, e compara o exemplo de Portugal com o da vizinha Espanha.
"Uma estrutura profissional implica, sobretudo, pôr toda a prioridade em evitar que haja fogos", declarou.
"Espanha tem 20 mil bombeiros profissionais. Portugal tem 2 mil", apontou Louçã. "Espanha dedica dois terços do seu orçamento para a floresta à prevenção", enquanto Portugal "dedica 5% à limpeza, 15% à vigilância e 80% a correr atrás do fogo".
Também a falta de coordenação é indicada pelo antigo líder do Bloco de Esquerda como um dos maiores problemas da estrutura: "temos a prevenção no Ministério da Agricultura, a perseguição ao crime do terrorismo florestal no Ministério da Justiça, temos o Ministério da Administração Interna a apagar os fogos,... Serviços completamente desconexos".
As espécies que compõem a floresta portuguesa são, na opinião de Francisco Louçã, uma área em que Portugal está também atrás de Espanha: "Temos uma área de eucalipto, conjugado com pinheiro bravo - material altamente combustível - muito maior do que a de Espanha".
O comentador considera que há "muitas respostas que podem ser conjugadas para evitar a tragédia de um país que se abandona a si próprio".
Francisco Louça fala em "promover associações de proprietários para tornar viável a exploração da floresta ou a exploração agrícola" e num Estado "que tome conta das terras abandonadas".
Para o antigo líder bloquista, a solução passa por encontrar formas de promover "uma economia sustentável no interior", deixando de cingir o mundo rural à agricultura, e fazendo-o abraçar outras áreas como "o "turismo" e o "desporto".