Portugal deve encarar, de frente, o cenário de saída do euro e da União Europeia, defende um economista irlandês, para quem abandonar a moeda única pode ser uma forma de exigir mudança.
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Tony Phillips defende que é tudo uma questão de negociação.
Para o economista irlandês, a crise motivou rapidamente a aplicação de politicas de austeridade às economias mais periféricas, mas as mudanças, ao nível das politicas das instituições europeias, nunca foram verdadeiramente abordadas.
Por isso, perante as dificuldades em fazer exigências, países como Portugal têm de jogar todos os trunfos, sem temer as consequências.
«Ser capaz de sair do euro é uma opção séria, devolve-te as capacidades politicas, é importante seres capaz de gerir a própria moeda», defende o investigador.
A saída "à irlandesa" do programa de ajustamento também não convence o economista irlandês.
Tony Phillips diz que é preciso que as pessoas percebam verdadeiramente o que está por detrás das estruturas que conduzem a Europa: «as pessoas precisam de entender o que é a União Europeia e não entendem. Se olharem para as estruturas das instituições e virem que se trata de instituições fechadas e anti-democráticas, então podem pedir para que sejam democráticas».
Para Tony Phillips, as vozes das ruas têm de transformar-se em mais informação para os europeus sobre os prós e os contras do euro e da União Europeia, mas o economista irlandês já vê indícios de protesto nos números da abstenção alcançados nas ultimas eleições europeias.
Tony Phillips reconhece que, apesar de irlandês, o trabalho na Argentina, país anteriormente alvo da intervenção do Fundo Monetário Internacional, lhe dá uma outra perspectiva sobre a crise europeia. Mas de uma coisa tem a certeza: se as instituições europeias não sabem coordenar-se, então não são a solução para os cidadãos europeus.