O vice-presidente da Ordem dos Engenheiros revela que o dia em que Portugal ficou completamente às escuras serviu como um alerta. À TSF, Jorge Liça defende, no entanto, que é pouco provável que o fenómeno se repita tão cedo e sublinha os investimentos que estão a ser pensados para melhorar a rede elétrica
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Um mês depois do apagão que afetou Espanha e Portugal, o vice-presidente da Ordem dos Engenheiros considera que o país está mais bem preparado para este tipo de fenómenos.
Jorge Liça afirma que o apagão de 28 de abril serviu como um alerta para as instituições agirem. "Este tipo sistemas elétricos precisam de estruturas de controlo, que são os operadores, muito bem treinados. Atendendo a que houve este incidente, algo que já não acontecia no nosso país há vinte e tal anos, alertou para a importância de ter o sistema equipado com as características adequadas", explica o vice-presidente da Ordem dos Engenheiros.
Para Jorge Liça é pouco provável que Portugal volte a passar por outro apagão em breve. "A probabilidade de ocorrer um incidente semelhante a este é muito baixa, claro que essa probabilidade não é nula, pode acontecer, mas é muito pouco provável", acrescenta.
Ainda não existe nenhuma conclusão sobre o que causou o corte de energia, até porque o relatório preliminar só deverá ser apresentado em outubro. Um tempo que o vice-presidente da Ordem dos Engenheiros considera ser normal para avaliar as causas do apagão, "uma vez que é preciso um conjunto de análises sobre os dados, não só de Portugal, como também de Espanha e França". Ainda assim, Jorge Liça considera anormal que Espanha não tenha dado "uma indicação mais objetiva sobre as causas do apagão". "Estão, talvez, com excesso de cuidado — o que se compreende —, estão à espera dos resultados do relatório que está a ser feito a nível europeu", justifica.
Jorge Liça sublinha ainda que tanto Portugal, como outros países europeus, estão a meio do processo de atualizar a rede elétrica, para a preparar para a nova realidade, ligada, sobretudo, às energias renováveis. "Estão previstos nos nossos planos de desenvolvimento dos sistemas elétricos a instalação de novos equipamentos, que permitem melhorar as condições de controlo dos sistemas elétricos. Não só Portugal, mas todos os países que estão a aumentar a sua componente de fonte de energia renovável, têm já em vista a instalação de equipamentos que permitem, de alguma maneira, tornar o sistema mais estável", esclarece.