“Portugal precisa de simplificação e incentivos para criar plataforma única de media dirigida aos 260 milhões de falantes de português no mundo”
Assim defende o empresário luso-americano Tony Gonçalves, numa entrevista à TSF em que pede simplificação, incentivos e estabilidade ao Governo para a nova legislatura que agora se iniciou
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A ponte intercontinental entre os EUA e Portugal passou a ser uma realidade nos últimos dois anos para Tony Gonçalves, nome artístico do empresário luso-americano, António Gonçalves, emigrado desde os 4 anos nos EUA, onde abriu caminho profissional no mundo dos media e esteve na base de vários projetos, incluindo a reestruturação do grupo Warner Media, a criação do canal HBO Max e agora está a apostar em Portugal, onde fundou o grupo EVROSE, para ajudar a alavancar negócios de empreendedores e startups na área dos media e entretenimento, além de ser produtor executivo de eventos, como o Tribeca Festival.
Em entrevista à TSF, considera que a nova legislatura representa para o país a oportunidade para o Governo e partidos porem fim à burocracia que trava a captação de investimento, pedindo simplificação de processos de instalação no território nacional, mas também mais apoios para os media, incentivos à produção e a devida estabilidade governativa necessária para a tomada de decisões a longo prazo.
O empresário olha para Portugal e vê oportunidades de alavancagem de negócios no domínio da comunicação, mais na área de streaming, mas confessa que faltam conteúdos em língua portuguesa, em especial nas plataformas internacionais, apesar de reconhecer que já existem bons exemplos de sucesso, como é o caso das séries Glória e Rabo de Peixe. Ainda assim, considera que são precisos mais projetos e, nesse ponto, o Estado português podia ajudar com apoios aos grupos de media e incentivos à produção para dar impulso ao negócio.
Tendo em conta a dimensão do país, Tony Gonçalves desafia mesmo os patrões dos media nacionais a unirem-se para atuar num mercado altamente competitivo, mas que não deixa de ter uma oportunidade única por explorar, quando existem 260 milhões de pessoas a falar português no mundo e poucos conteúdos têm em língua portuguesa.
Quanto a Trump, na linha de pensamento de que um homem não é um povo, reconhece que o mundo atravessa uma fase complicada, mas também representa uma oportunidade para a Europa se afirmar.
Tony Gonçalves, questionado sobre o eventual impacto do novo xadrez geopolítico no sector, reconhece que o planeta enfrenta uma fase complicada, com a linha governativa centrada nas tarifas impostas pela Administração Trump, mas os Estados Unidos são um país muito grande e, por isso, acredita que este é o momento para territórios, como a Europa, agarrarem a oportunidade para se transformar e vê portas a abrirem-se, incluindo em Portugal, e é aí que pretende fazer crescer o trabalho do grupo EVROSE que criou há dois anos.
Já como produtor executivo do Tribeca Festival, recorda que foi o responsável por trazer para Lisboa este evento nascido da vontade de atores, como Robert DeNiro, para reabilitar uma das zonas de Nova Iorque, após os atentados do 11 de setembro e depois da estreia no ano passado, que juntou em palco personagens como Whoopi Goldberg e Ricardo Araujo Pereira, confirma que vai haver a segunda edição do Tribeca Festival Lisboa, de 30 de outubro a 1 de novembro, no Unicorn Factory, no Hub Criativo do Beato. Este ano será mais virado para o cinema e para os produtores portugueses, como resposta ao retorno que teve do público na edição de 2024.
O programa do Tribeca contou no ano passado com sessões de cinema, concertos, gravação de 'podcasts' e muitas conversas com algumas figuras de Hollywood e pessoas do entretenimento em Portugal.
O ator Robert de Niro e a produtora Jane Rosenthal elogiaram Lisboa como anfitriã, pela primeira vez a nível internacional deste evento, que fundaram em Nova Iorque (EUA), mas não revelaram por quantas edições ficaria em Portugal.
Num encontro com os 'media' portugueses, sem direito a perguntas, estiveram ainda presentes, a realizadora Patty Jenkins, a atriz Whoopy Goldberg e o ator Chazz Palminteri, além de Francisco Pedro Balsemão, responsável do grupo Impresa, e o autarca Carlos Moedas.
Nessa altura, a organização do Tribeca Festival Lisboa não escapou a algumas críticas, por receber 750 mil euros de apoios públicos, incluindo 250 mil do município lisboeta.
