
Global Imagens/ Gonçalo Delgado
No final de 2014, as estatísticas registaram número nunca visto. Desempregados de muito longa duração são os que mais travam a descida da taxa de desemprego. E a agricultura também não para de perder trabalhadores.
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Portugal fechou o último ano com 336 mil desempregados a procurar trabalho há mais de dois anos. O número surge nas Estatísticas do Emprego que revelam, também, que quase 160 mil pessoas deixaram de trabalhar na agricultura e na pesca desde que este governo tomou posse.
Os resultados indicam que a maior dificuldade em diminuir a taxa de desemprego está nos desempregados de muito longa duração (há mais de dois anos), que atingiram o maior número desde que existem registos (1998) no Instituto Nacional de Estatística (INE).
Ou seja, o número de desempregados há 12 a 24 meses até desceu durante 2014, mas não foi isso que aconteceu entre aqueles que procuram trabalho há mais de 2 anos (25 ou mais meses). Apesar de uma ligeira descida em dois trimestres de 2014, no final, entre outubro e dezembro, os números voltaram a subir para as 336 mil pessoas desempregadas há mais de 2 anos (eram 334,6 mil no final de 2013). Este grupo representa agora 48,1% dos desempregados quando há um ano representava 41,4%.
As estatísticas do INE revelam ainda outras realidades. Por exemplo, há claramente cada vez mais portugueses a trabalhar como especialistas de áreas científicas ou intelectuais, bem como técnicos e profissionais de nível intermédio (o aumento rondou, num ano, os 10%).
Do outro lado, a agricultura e a pesca dão trabalho a cada vez menos portugueses: menos 64 mil em 2014 ou, se alargarmos o período em análise, menos 158 mil desde que o atual governo tomou posse, em junho de 2011.
O presidente da Cáritas, que tem um projeto para ajudar empregados com mais de 45 anos, diz que os números de desempregados há mais de dois anos são a prova que a economia portuguesa não consegue responder a estas pessoas.
Eugénio Fonseca, escutado pela TSF, sublinha que estamos perante desempregados que estão, na pratica, socialmente mortos e caem, com frequência, na pobreza.
Francisco Madelino, economista e antigo presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional, explica que estamos perante pessoas com poucas qualificações e que por isso, mas também pela idade, têm enormes dificuldades em arranjar trabalho.
Para o especialista em mercado de trabalho, também escutado pela TSF, o problema dos desempregados de muito longa duração é ainda mais grave que o desemprego jovem.