A convicção é de Paul Krugman, o nobel da Economia que passou por Lisboa para receber três doutoramentos honoris causa, e aconselhou o Governo português a rejeitar mais austeridade.
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Já chega de austeridade. A opinião é do nobel Paul Krugman, que convidado a deixar um conselho ao Governo português, sublinhou que apertar mais o cinto teria efeitos nocivos na economia e sociedade.
«Não podem fazer nada radical, mas rejeitem a pressão para mais austeridade. Percebo porque é que a troika pede mais austeridade, mas eu diria: 'já chega'. Mais austeridade seria contraproducente», afirmou.
Paul Krugman está convencido de que Portugal tem boas hipóteses de permanecer na zona euro, e até as quantifica: «75 por cento, julgo».
«É uma questão de probabilidades, mas ninguém sabe ao certo. Diria que a Grécia provavelmente vai sair do euro. Acredito que Portugal deverá conseguir ficar, mas depende da evolução dos próximos dois ou três anos», referiu.
Mas há uma coisa, diz Krugman, que é inevitável: a redução do custo do trabalho, porque só essa diminuição pode fazer crescer a produtividade por comparação à alemã.
«No mínimo a evolução salarial em Portugal vai ser restringida de forma substancial pela produtividade comparada com a da Alemanha, e isso deve implicar baixas salariais aqui [em Portugal]. Não é agradável, mas vai ter de acontecer», explicou.
«Eu preferia que isto acontecesse através do aumento dos salários alemães, em vez da redução dos portugueses, e se Portugal ainda tivesse moeda própria podia desvaloriza-la. Mas no cenário que temos o aumento da produtividade terá que ser feito à custa dos salários portugueses», defendeu.
Mas também não será preciso exagerar. Portugal não terá de reduzir os salários para níveis como, por exemplo, os da China.
«Portugal não está a competir com a China. A produtividade é maior, a geografia e os acessos têm importância. Portugal não precisa de reduzir salários para níveis chineses, não precisam de ser tão pessimistas», salientou.
Declarações de Paul Krugman que afirmou ainda que a Europa precisa, nesta altura, de algum grau de políticas expansionistas para equilibrar o arrefecimento económico provocado pela austeridade.