O presidente do IGCP, a agência que gere a dívida portuguesa, diz esperar que Portugal tenha pleno acesso ao mercado de dívida nos próximos meses.
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«Espero que tenhamos pleno acesso ao mercado nos próximos meses. Estamos muito perto disso. Parece que está tudo a andar no caminho certo», disse Jorge Moreira Rato, numa entrevista divulgada na edição online do Financial Times.
O presidente do IGCP afirmou ainda que Portugal «tem estado a reconstruir a base de investidores, uma vez que [o país] não tem nota de investimento».
Por isso, defendeu Jorge Moreira Rato, é preciso «procurar investidores com mais flexibilidade, incluindo os investidores norte-americanos».
Em janeiro, o Estado português emitiu 2,5 mil milhões de euros de dívida a cinco anos, pela qual vai pagar uma taxa de juro de 4,891%, sendo que 93% deste montante foi colocado junto de investidores estrangeiros.
«A procura total dos investidores ultrapassou os 12 mil milhões de euros (...), 93% foi colocado junto de investidores estrangeiros», afirmou, na altura, a secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, numa conferência de imprensa em que explicou a operação.
A governante indicou ainda que 30% do valor foi colocado no mercado dos Estados Unidos, outros 30% no Reino Unido, 9% na Alemanha, Áustria e Suíça, 9% na Ásia e 4% em França, ficando em Portugal os restantes 7%.
O jornal financeiro britânico refere, no entanto, que «alguns investidores permanecem cautelosos em relação a Portugal», devido à recessão económica e ao fraco comportamento das finanças públicas.
A economia portuguesa recuou 3,2% em 2012, um valor mais negativo que o previsto pelo Governo e pela 'troika' na sexta revisão do programa, que apontava para uma queda de 3% para a totalidade do ano.
Segundo Instituto Nacional de Estatística (INE), na primeira estimativa para o PIB do quarto trimestre de 2012, hoje divulgada, o produto terá caído 1,8% face ao terceiro trimestre de 2012, a maior queda em cadeia do ano.
Com este resultado, o desempenho da economia acaba por ser pior do que o esperado pelo Governo e pela 'troika', que nas últimas estimativas apontavam para uma recessão de 3%, e mesmo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que estimava uma queda de 3,1 por cento.