Portugueses sentem alívio nas despesas, mas maioria reconhece dificuldades para pagar contas
O barómetro da Deco PROteste, que analisa a saúde financeira das famílias, mostra que a poupança "continua a ser um desafio" para os portugueses
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Os portugueses tiveram, entre 2023 e 2024, um alívio nas despesas. Ainda assim, o barómetro da Deco PROteste revela, na véspera do Dia Mundial dos Direitos do Consumidor, que a maioria das famílias teve problemas na hora de pagar as contas.
Neste estudo sobre a saúde financeira das famílias portuguesas, cerca de 70% dos inquiridos assumem que tiveram dificuldades para pagar as contas no ano passado. Para 11%, a situação foi mesmo de "sufoco".
Em declarações à TSF, Soraia Leite, porta-voz da Deco PROteste, adianta que este alívio está relacionado com os descontos nos transportes e os cortes nas taxas de juro. "Houve em 2024 um alívio financeiro dos portugueses para suportar as despesas e estamos a falar de despesas em todas as categorias, em especial, na categoria da mobilidade, que naturalmente poderá ter beneficiado dos descontos em passes de transporte. O mesmo relativamente ao impacto da diminuição das taxas de juro que se fez sentir no segundo semestre de 2024", explica à TSF Soraia Leite.
Ainda assim, as dificuldades não desapareceram: "As despesas com maior peso na carteira dos portugueses continuam a ser a manutenção da casa, a realização de férias, as despesas com as viaturas, com alimentação, restaurantes e bares, que inclusive podem representar um luxo e um sacrifício para a carteira dos portugueses, mas também as despesas de bens essenciais, como gás, eletricidade e água."
"Em sete anos de barómetro nunca Portugal teve um índice tão elevado como o registado em 2024, com exceção de 2020, quando ocorreu a pandemia. Apesar disso, apresenta um dos índices mais baixos entre os países analisados no Barómetro da Deco PROteste, o que evidencia a necessidade de medidas que promovam a melhoria da situação financeira das famílias portuguesas e que permitam convergir com os níveis de bem-estar financeiro dos seus parceiros europeus. Para 2025, porém, os portugueses anteveem uma queda do poder económico", refere a associação, sublinhando que "apenas um quinto dos portugueses estão otimistas em relação a este ano e acreditam que a situação financeira irá melhorar".
O estudo mostra ainda que a poupança "continua a ser um desafio" para a maioria dos portugueses: "Para 67% da população, poupar continua a ser impossível ou muito difícil, o que demonstra a necessidade de medidas que incentivem a poupança e promovam a educação financeira."
A região centro e a Madeira destacam-se como as regiões onde as famílias enfrentam "maiores dificuldades". Por outro lado, Beja é "o distrito com maior desafogo financeiro".
A associação de defesa do consumidor apela ainda à implementação de medidas que "protejam os mais vulneráveis e promovam a justiça social e a igualdade de oportunidades".
