Pedro Reis considera que o país não pode esperar pelo pós-troika e defende que é preciso olhar mais para as empresas e menos para as questões financeiras.
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Em entrevista ao programa Gente que Conta da TSF e Diário de Notícias, o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) considera que é preciso passar da hegemonia das Finanças para o foco na Economia.
«A necessidade de passarmos da hegemonia das Finanças para o foco na Economia e, dentro da Economia, para um olhar laser sobre as empresas. Porque as empresas hoje em dia esperam, já não é tanto na mexida do quadro regulamentar, é que se atue a desbloquear os problemas que têm», sublinha o presidente da AICEP.
Pedro Reis diz que deve ser dada especial atenção ao desbloqueio dos obstáculos que impedem a competitividade das empresas.
«Nós não podemos esperar pelo pós-troika, temos que começar a mexer na economia já! Há reformas importantes, a laboral, a do licenciamento industrial, lançamento das linhas PME Crescimento, os programas Revitalizar e por aí fora. É indiscutível que foi feito um longo trabalho, mas agora é preciso entrar numa nova fase. E essa fase seria impensável que fosse mais puxada às Finanças, ou mais mais puxada à Economia ou mais puxada ao MAMAOT ou aos Negócios Estrangeiros, é um programa do país, já para não falar de um programa do Governo», alerta Pedro Reis.
O presidente da AICEP identifica ainda as prioridades para esse programa: «Nós temos que concentrar-nos em fechar algumas das reformas estruturais, temos que definir o que é que queremos e o que é que é possível fazer de investimento público e criar as condições para algum investimento privado, temos que tratar do financiamento das empresas, temos que agilizar a fiscalidade, temos que lançar uma segunda vaga, a meu ver, depois das privatizações, de entrar em áreas de concessões e, por fim, temos que definir uma política económica sectorial de captação e de investimento, e de movimentação da economia e articulação dos vários sectores com pés e cabeça».
Quanto à sétima avaliação da troika, o presidente da AICEP afirma que o país tem pela frente um caminho exigente e que 2013 é um ano decisivo para consolidar o trabalho feito, caso contrário, «teremos hipotecado a próxima década».
Pedro Reis congratula-se ainda com a passagem da AICEP para a tutela do Ministério dos Negócios Estrangeiros e admite, referindo-se à governação, que tudo o que foi feito até hoje «era necessário», porque o país tinha chegado «ao fim da linha».
Pedro Reis assume também uma «profunda admiração» pelo primeiro-ministro, pela «sua sinceridade e a sua coragem em enfrentar as questões difíceis e mostrar a realidade ao país».