Presidente da BP Portugal: «políticas erráticas» do Governo podem provocar encerramentos de postos de combustíveis (vídeo)
Em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, Pedro Oliveira considera que medidas como a taxa energética revelam preconceito do Governo e que «criar distorções» no mercado pode «acabar mal». O presidente executivo da BP Portugal diz ainda que a lei dos combustíveis simples é uma «medida populista».
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O presidente da BP Portugal acusa o Governo de ter «políticas erráticas, pouco estudadas e com base em preconceitos», que «podem acabar mal», porque o mercado dos combustíveis «é uma maratona e não um sprint». Pedro Oliveira alerta que a situação pode obrigar «muito provavelmente, a ter de se encerrar postos [de combustíveis]» no setor.
Em causa está, por exemplo, a taxa sobre o setor energético que, para Pedro Oliveira, «não faz sentido nenhum em mercados liberalizados» como o dos combustíveis.
O gestor sublinha que a BP teve «uma atitude diferente» da Galp, pagando a contribuição, mas diz perceber que a empresa liderada por Manuel Ferreira de Oliveira tem de encarar a taxa de outra forma, porque prejudica quem tem mais ativos.
As críticas ao Governo estendem-se ainda à lei dos combustíveis simples. Pedro Oliveira considera que o Governo «é refém de uma medida populista, que não serve absolutamente a ninguém: nem aos contribuintes, nem aos clientes, nem aos consumidores». O gestor afirma que a obrigação de adotar combustíveis sem aditivos é desnecessária, porque as marcas brancas já têm 30% do mercado. Para além disso, diz ainda, não melhoram a qualidade do produto e são mais poluentes. No caso da BP, Pedro Oliveira diz que será provavelmente forçada a fazer investimento adicional para acomodar a medida.
Em relação aos preços de referência, entende que «é uma anormalidade» num mercado liberalizado e que «não têm nenhuma utilidade» para os consumidores, ao não terem em conta os preços da logística e do transporte.
Pedro Oliveira ouviu ainda com «estupefação total» as declarações do secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, que em dezembro disse à TSF e ao Dinheiro Vivo que o mercado dos combustíveis tem falhas e merece vigilância permanente. O presidente da BP diz que não percebe as declarações, porque considera que a Autoridade da Concorrência «tem feito um trabalho absolutamente exemplar» e a sua competência «nunca foi posta em causa, nem pode ser». E diz que «todos os estudos provaram até agora» que o mercado «não tem nenhuma distorção».