Marcelo Rebelo de Sousa considera que as previsões do fundo são as esperadas. Referindo-se à nota da UTAO, o chefe de Estado diz acreditar que o défice não ultrapassa os 2,5%.
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"Acredito que o défice vai ficar nos 2,5%", afirmou o chefe de Estado à margem da inauguração do Museu da Música Mecânica, no Pinhal Novo, onde desvalorizou os avisos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO).
Confrontado com as previsões da instituição liderada por Christine Lagarde - que, tal como há duas semanas, manteve as projeções de crescimento económico para Portugal, esperando um crescimento de 1% este ano -, Marcelo Rebelo de Sousa defende que os números não devem ser motivo para preocupação.
"É aquilo que se esperava, que é um crescimento à volta de 1%, portanto, aparentemente 1% ou acima e não abaixo, como a certa altura se chegou a dizer. Não é uma novidade", disse o Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa desvalorizou ainda as preocupações da UTAO, que estima que, para se cumprir a previsão do OE2016, "será necessário arrecadar uma receita superior à obtida no período homólogo em cerca de 3.531 milhões de euros nos últimos quatro meses de 2016".
"Ainda demora uns dias até se saber a receita fiscal do mês de setembro. Talvez possa ser uma surpresa boa, no sentido de que as receitas permitam atingir-se aquilo que eu tenho repetido ao longo dos meses. Acredito que o défice vai ficar nos 2,5%. Portanto, se assim for, é sinal de que as receitas fiscais irão crescendo", salientou o chefe de Estado.
O Presidente da República mantém, assim, a confiança no cumprimento das metas orçamentais, destacando que, caso o desempenho das receitas fiscais não tenha uma quebra até ao final do ano - e porque também vê um apertar do cinto nas despesas -, as metas serão mesmo cumpridas.
"Como as despesas estão muito contidas, vai dar para manter os 2,5%. Portanto, não estou, nesse ponto, preocupado", justificou.
Segundo resgate não é assunto para Marcelo
No Pinhal Novo, à margem da inauguração do Museu da Música Mecânica, Marcelo Rebelo de Sousa foi ainda confrontado com as declarações do Comissário Europeu da Economia e Sociedades Digitais, Günther Oettinger, que, segunda-feira, no Parlamento, afirmou que a probabilidade de um novo resgate a Portugal "é maior do que 0%".
O Presidente da República exclui qualquer possibilidade de Portugal voltar a recorrer a um programa de assistência financeira e insiste que o assunto não deve sequer fazer parte da agenda mediática.
"Eu acho que não vai haver segundo resgate e que a Europa não está sequer virada para pensar em resgates. Tem tantos outros problemas, que eu não estou a ver a Europa a pensar minimamente nisso. Esse cenário é uma espécie de conversa que se tem quando não tem outra conversa para ter", concluiu.