
David Neelmen e Fernando Pinto
José Sena Goulão/Lusa
Fernando Pinto esperava por este dia há 15 anos, quando começou a faltar acesso a capitais. O presidente da TAP diz que é um dia importante para os trabalhadores e para a empresa e garante que até que a passagem de testemunho esteja garantida não "abandona o barco".
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O presidente da TAP, Fernando Pinto, lamentou hoje que a empresa não tenha tido acesso a capital nos últimos 15 anos e frisou que essa é precisamente "a grande vantagem" da entrada do consórcio Gateway na transportadora aérea.
À margem da cerimónia, o presidente da TAP afirmou aos jornalistas que haverá, a partir de agora, condições para "olhar para a frente" e condições de crescimento. "É uma excelente oportunidade para ir para a frente novamente", reforçou.
"A grande vantagem agora é o acesso ao capital que nos faltou. Nos 15 anos, pelo menos, em que eu estou [à frente da empresa], nós nunca tivemos acesso ao capital da forma como vamos ter agora e conseguimos, de qualquer maneira, ainda crescer e crescer muito. Crescemos quase três vezes em tamanho, mas sempre com grande dificuldade", declarou Fernando Pinto, considerando que a privatização traz "muita facilidade".
O presidente da companhia aérea acrescentou ainda que não está em causa apenas o acesso a capital, mas também "a novas ideias, a pessoas que chegam com sangue novo" e com uma "visão estratégica" que vai ajudar "a ter um futuro melhor para a TAP".
Fernando Pinto afirmou ainda que se vai manter à frente da empresa durante a "passagem de testemunho", deixando em aberto o que acontecerá depois. "Temos um trabalho até ao final do ano para fazer, depois veremos o que vai acontecer", disse.
Fernando Pinto sublinhou que a sua missão só acaba quando fizer a passagem de testemunho e que só quer sair da TAP no dia em que considerar que a empresa "está no bom caminho, no caminho do crescimento".
Na fase de passagem de testemunho será feita uma gestão "praticamente conjunta" com os novos donos da TAP. "A partir daí, depende de me convidarem e de eu aceitar", adiantou. O responsável da TAP salientou que "não gostaria pura e simplesmente de abandonar o barco" e que "tem a responsabilidade, perante os trabalhadores da TAP, de fazer essa passagem o mais suave, o mais gradual possível".
Questionado sobre o confronto entre esta visão otimista e os protestos dos trabalhadores, Fernando Pinto destacou que se trata de uma questão política.
"Sabemos que há sindicatos com diversas cores políticas e que, por princípio, não concordam com a privatização e nós respeitamos", disse o presidente da TAP, destacando que o seu contacto com os trabalhadores da companhia aérea revela que "as pessoas estão entusiasmadas com uma nova era que a empresa vai começar".