As Perspetivas Económicas Mundiais, divulgadas esta terça-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), dão melhor desempenho à economia portuguesa do que as estimativas apresentadas na segunda-feira no Programa de Estabilidade.
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O FMI prevê um crescimento da economia de 1,7% em 2024 e 2,1% em 2025 que compara com o crescimento de 2,3% no ano passado (2023). O FMI aponta o PIB de Portugal a crescer acima da média apontada para a zona Euro, que é de um crescimento de 0,8% em 2024.
Já o Programa de Estabilidade 2024-2028, na segunda-feira divulgado pelo Governo de Luís Montenegro, projeta um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,5% em 2024 e 1,9% em 2025.
Quanto à inflação, em 2024 poderá ser de 2,2% e 2% em 2025, de acordo com o FMI, enquanto o Programa de Estabilidade espera que seja de 2,5% em 2024 e 2,1% em 2025.
No desemprego, nas contas do FMI, continua na casa dos 6%, sendo 6,5% em 2024 e 6,3% em 2025, estando dentro dos valores da média da zona Euro e do Programa de Estabilidade que prevê 6,7% de desemprego em 2024 e 6,5% em 2025.
Perspetivas Económicas Mundiais
“A última previsão para o crescimento global daqui a cinco anos – 3,1% – está no seu nível mais baixo em décadas”
No relatório, publicado esta terça-feira pelo FMI, a instituição liderada por Kristalina Georgieva aponta para uma revisão em alta do crescimento da riqueza mundial, embora a diferença seja de umas casas decimais.
Este crescimento contido é justificado com “factores de curto prazo, como os custos de financiamento ainda elevados e a retirada do apoio orçamental, e aos efeitos de longo prazo da pandemia da COVID-19 e da invasão da Ucrânia pela Rússia”, pode ler-se no relatório.
“A última previsão para o crescimento global daqui a cinco anos ––3,1%––está no seu nível mais baixo em décadas”, aponta o FMI.
Para a organização há um “fraco crescimento da produtividade; e crescente fragmentação geoeconómica” que “poderá intensificar-se, com maiores barreiras ao fluxo de bens, capital e pessoas, implicando uma desaceleração do lado da oferta”, isto do lado negativo.
A curto prazo, “do lado positivo, uma política orçamental mais flexível do que o necessário poderá aumentar a actividade económica no curto prazo, embora com o risco de um ajustamento político mais dispendioso mais tarde”.
O FMI chama ainda a atenção para “a inteligência artificial e reformas estruturais mais fortes do que o previsto poderão estimular a produtividade”.
Inflação mundial
“Prevê-se que a inflação global global caia de uma média anual de 6,8% em 2023 para 5,9% em 2024 e 4,5% em 2025, com as economias avançadas a regressarem às suas metas de inflação mais cedo do que as economias dos mercados emergentes e em desenvolvimento”, sublinha o FMI.
E, “à medida que a inflação a nível global descia do seu pico de meados de 2022, a actividade económica cresceu de forma constante, desafiando os alertas de estagflação e de recessão global”.
Sem nuvens negras no horizonte, “o crescimento do emprego e dos rendimentos manteve-se estável, reflectindo a evolução favorável da procura – incluindo despesas públicas e consumo das famílias superiores ao esperado – e uma expansão do lado da oferta, nomeadamente num contexto de aumento imprevisto da participação da força de trabalho”, reforça a organização de Kristalina Georgieva.
Para o FMI, “apesar dos aumentos significativos das taxas de juro dos bancos centrais, destinados a restaurar a estabilidade de preços, houve também a capacidade das famílias nas principais economias avançadas de recorrer a poupanças substanciais acumuladas durante a pandemia”, conclui.