Primeiro móvel produtor de energia solar pode chegar ao mercado no próximo ano
A empresa portuguesa Seeenergy, uma startup do Porto, já tem em fase de testes uma mesa de cabeceira que pode alimentar vários equipamentos eléctricos através da radiação solar.
Corpo do artigo
A Seenergy está a desenvolver uma mesa de cabeceira que é alimentada a energia solar, onde o tampo em vidro é composto por tecnologia das células solares sensibilizadas por corante.
Uma das fundadoras da empresa, a Arquiteta Rita Gomes, revela à TSF que “temos como objetivo chegar ao mercado já no próximo ano (2025), estando atualmente em fase de testes e de eficiência do protótipo”.
Um protótipo desenhado que permite carregar ou alimentar equipamentos eléctricos uma vez que “a energia uma vez recolhida, é armazenada numa bateria que é integrada na peça de mobiliário, podendo depois ser utilizada por carregar dispositivos através de uma entrada USB ou alimentar, por exemplo, uma lâmpada de LED que está associada à mesinha de cabeceira. Nós estamos a testar também um relógio digital que, neste caso, faz todo o sentido, perto da mesinha de cabeceira”, sugere Rita Gomes.
Depois dos testes é a altura de produzir o móvel de forma industrial, para isso vão desenhar “parcerias com fabricantes e distribuidores para agilizar os processos de fabricação e distribuição e, ao mesmo tempo, tentar procurar uma produção económica e de alta qualidade” que baixe o preço estimado da mesinha de cabeceira dos atuais 800 euros.
“Nós acreditamos que com a evolução da tecnologia há a possibilidade de reduzir o preço e com os acordos e as parcerias com os fabricantes, tentar uma produção mais modular podemos conseguir descer este valor”, defende a arquiteta.
Mas a ideia não é ficar apenas pelas mobílias das casas. “Nós percebemos que esta tecnologia tem bastante potencial para poder escalar e depois para poder ser usada em mobiliário urbano ou até mesmo em sistemas construtivos, como fachadas de edifícios, em que os próprios vidros conseguem usar estas células solares sensibilizadas e conseguem armazenar a energia e depois usá-la”.
Rita Gomes revela que a empresa está “com alguns contactos com entidades públicas que também estão interessadas em usar esta tecnologia”. Mas para dar este passo a empresa tem que encontrar industrias que produzam estes painéis solares numa grande escala. Embora estejamos a fala de “uma tecnologia que ainda não é comercializada, ou seja, que não existe à venda, temos que encontrar parcerias com quem a consiga fabricar e produzir. Ou seja, temos que ter máquinas e material e em Portugal as máquinas de produção que nós temos ainda são de pequena dimensão”, sublinha.
A Seenergy usa a tecnologia das células solares sensibilizadas por corante, uma tecnologia que “imita o processo de fotossíntese das plantas, convertendo a luz em eletricidade”, compara Rita Gomes.
“E ao contrário dos painéis solares, tradicionais e opacos, estas células são caracterizadas pela transparência, pela possibilidade de personalização através de várias cores e não necessitam da incidência direta de luz solar, permitindo ser eficientes em ambientes de luz interior e luz difusa”, explica.
Para Rita Gomes, “esta tecnologia de design e tecnologia permite desenvolver produtos que são esteticamente apelativos, que enriquecem os espaços habitacionais, mas também contribuem ativamente para a redução da pegada de carbono”, argumenta.
Rita Gomes, é uma das três finalistas dos Prémios Europeus de Energia Sustentável 2024, na categoria de Mulheres na Energia, que serão entregues no dia 11 de junho em Bruxelas.