Luís Mira Amaral e Carlos Tavares manifestaram-se favoráveis à privatização total ou parcial da CGD, uma questão que dividiu o conjunto de personalidades intervenientes na abertura da conferência Portugal em Exame.
Corpo do artigo
«Vamos ser realistas e pragmáticos, se é para privatizar privatize-se 100 por cento», defendeu Mira Amaral. «Todos os contribuintes são acionistas da CGD e eu falo como acionista da CGD», acrescentou durante o evento organizado pela publicação do grupo Impresa.
O ex-presidente da CGD e atual presidente do banco BIC sustentou que o banco público não é «grande instrumento de apoio às pequenas e médias empresas (PME)», pelo que, «se a CGD é só para financiar grandes operações e grande capital, não é preciso o banco ser público».
Em contrapartida, se é para apoiar PME e empresas de risco privado, projetos de internacionalização interessantes para a economia portuguesa, «faz sentido» manter o banco público, sendo que, ressalvou ainda Mira Amaral, «se é para fazer menos que bancos privados, privatize-se», afirmou o antigo ministro da Indústria de Cavaco Silva.
Mais moderadamente, Carlos Tavares defendeu no mesmo evento que uma eventual privatização parcial, na ordem de 40 por cento, da CGD, pode trazer «eficiência» ao banco público. «Contribuiria para eficiência da gestão da CGD ter acionistas privados», afirmou, lembrando - ainda que sem particularizar - «exemplos de negócios feitos pela CGD que ficaram caros ao país», defendeu o presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Também o presidente do BPI reiterou que é a favor da privatização da CGD e que uma alienação parcial, «para começar», seria o mais indicado, já que desse modo o banco poderia participar em operações de consolidação do sistema bancário.
Em contramão com estas opiniões, Joaquim Pina Moura e José Vieira da Silva deram um redondo «não» à ideia. «Não, de todo não!», afirmou o ex-ministro da Economia e Finanças de António Guterres, defendendo a manutenção de um perímetro financeiro e económico no setor publico, no qual «a CGD é um instrumento muito importante».
Já Vieira da Silva defendeu que uma CGD totalmente pública «é útil para a economia de um país como Portugal», ainda que tenha admitido terem «existido maus negócios».
Augusto Mateus, também ele ministro da Economia no primeiro governo socialista liderado por António Guterres, afirmou que fazia uma distinção entre «empresas estatais e empresas públicas», para defender que «o modelo de transformar a CGD deve passar pela abertura do capital, mas não pela privatização».