Günther Oettinger admite que um novo resgate a Portugal seria "uma preocupação" para a UE. No Parlamento, adiantou ainda que Bruxelas tem de pensar "muito bem" antes de aplicar mais austeridade.
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"Vou dizer-vos, agora, não publicamente, que a preocupação seria se Portugal precisasse de um segundo programa de ajuda. Não sei qual é a probabilidade, mas é maior do que 0%", disse, na Assembleia da República, Günther Oettinger, Comissário Europeu da Economia e Sociedade Digitais, numa intervenção traduzida pelo canal televisivo AR TV.
Ouvido, num audição conjunta, pelos deputados da Comissão de Assuntos Europeus da Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas; e da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, o comissário não quis fazer previsões sobre a eventual necessidade de Portugal recorrer a um novo programa de assistência financeira, mas sublinhou que esse cenário não é totalmente descartado por Bruxelas.
No parlamento, Günther Oettinger admitiu ainda que um novo resgate a Portugal significaria "uma preocupação" para Bruxelas, adiantando, no entanto, que Portugal "fez muito" no sentido de cumprir os acordos internacionais e que a Comissão Europeia teria de fazer um exercício de ponderação antes de propor novas medidas de austeridade.
"Temos de pensar muito bem se ainda são possíveis outras medidas. Para já, o que é mais importante é o cumprimento das promessas feitas", afirmou também o Comissário Europeu, que salientou ainda que, para a Comissão Europeia, o relacionamento com o Executivo português é não está dependente de quem governa.
"Para nós, cada Governo vale o mesmo. Nós damos a mesma consideração a cada Governo, seja ele conservador, socialista ou comunista. Nós, enquanto Comissão, temos de ser neutros", sublinhou.
Comissário "otimista" em relação ao Orçamento do Estado português
Antes da audição parlamentar, o Comissário Europeu participou na conferência sobre o Mercado Único Digital da União Europeia, coorganizada pela Comissão Europeia e pelo Governo português, em Lisboa, onde disse estar "confiante e otimista" quanto ao Orçamento do Estado português para 2017.
"Estou confiante que vamos chegar a uma posição comum e pragmática quanto ao Orçamento do Estado para 2017", disse.
Questionado sobre um eventual novo resgate financeiro a Portugal, Günther Oettinger afirmou que "Portugal está a fazer muito" há anos e afastou essa possibilidade: "Penso que não é necessário um segundo resgate, isso só [aconteceria] no pior cenário. Temos de fazer o que pudermos para evitar tal desenvolvimento".